RIO - Alunos da escola estadual Leopoldina da Silveira, em Bangu, Zona Oeste do Rio, Wellington Guimarães, Rafael Tavares e Luciana Ribeiro, todos com 18 anos e no 3 ano do ensino médio, tentam garantir uma vaga na universidade, mas se ressentem dos problemas que a escola apresenta e que pode deixá-los longe de seus objetivos.
— No 1 ano, ficamos sem professor de Química e Biologia. Daí, chegamos ao 2 e o professor partia da ideia que havíamos tido aula. Este ano, só temos quatro tempos de Matemática por semana, mas temos dois tempos para uma aula de projeto, na qual devemos contar a história do bairro. Além disso, as salas são lotadas e o calor é intenso — conta Wellington, que tenta vaga no curso de Biologia. — Gostaria que investissem mais em mim e na escola pública, onde estão as pessoas que mais precisam, que muitas vezes moram em comunidades, que têm no estudo a chance de prosperar.
— A sensação é que a escola dá o currículo mínimo. E que, com outros problemas, como a falta de professores e de livros, a biblioteca pequena, mesmo a turma que poderia avançar não vai adiante — diz Rafael, que quer ser engenheiro.
No Rio, segundo dados da Secretaria de Estado de Educação, o orçamento para 2011 é de R$ 3,2 bilhões. Cada um dos 1,175 milhão de alunos da rede custa, por ano, R$ 2,7 mil. No ano que vem, o orçamento será de R$ 3,8 bilhões. E, graças a uma recontagem na base de alunos, o gasto com o 1,055 milhão de estudantes que a rede terá vai ser de R$ 3,5 mil por ano.— Tenho medo de ter dificuldade de acompanhar as aulas por conta das deficiências que trago. Eu não sei por que temos aula de projeto na escola. Não seria melhor termos mais tempos de Matemática ou de Português? Ou reforço do que perdemos por falta de professores? — diz Luciana, que quer cursar Arquitetura.
Presidente do Instituto Alfa e Beta, João Batista Oliveira acredita que investir apenas mais dinheiro não é o melhor caminho:
— Triplicar o que gastamos com educação nesse sistema que está aí não adianta. É desperdício. Existe um problema de gestão. Nos últimos anos, o Brasil mais que dobrou o que gastava e a qualidade não aumentou.
Fonte: O Globo

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