quinta-feira, 26 de abril de 2012

Como conciliar a vida adulta com os estudos?

Especialista fala como incluir o hábito de estudar em meio a tantas obrigações familiares e profissionais.Conquistar uma vaga pública, fazer um curso superior ou atualizar o currículo profissional. Esses são alguns dos motivos que levam milhares de pessoas de volta à rotina de estudos. 

Para o psicólogo especialista em ciências cognitivas, Fernando Elias José, é possível conciliar esta tarefa em meio à rotina de obrigações, desde que a pessoa esteja disposta a se dedicar. 

“O que eu recomendo é que os estudantes estejam por “inteiro” em cada momento em que estiverem vivendo, ou seja, quando estiverem estudando prestem atenção no estudo e quando estiverem com a família ou no trabalho vivam esse momento.” fala o especialista. Para quem se identifica com essa situação, a dica do profissional é manter a disciplina e a organização.

“A frequência do estudo deve ser feita a partir de um planejamento que deverá ser realizado com metas reais e palpáveis.  Se a pessoa se organizar em estudar uma hora por dia, por exemplo, deverá fazer isso todos os dias, pois dessa maneira estará educando seu cérebro para essa rotina de estudos.” fala Fernando.

Não se apegue ao “se”
Ao assumir uma rotina de estudos junto ao dia a dia atribulado, é comum que o sentimento de culpa apareça quando, às vezes, o que foi proposto não é cumprido. Neste momento, a pessoa pode começar a desenvolver pensamentos que criam verdadeiros empecilhos na hora do estudo.São pensamentos como: “Ah, se eu tivesse mais tempo”, “Ah, se eu não tivesse que trabalhar!”, entre outras situações para justificar aquilo que deveria ter sido feito.

Em casos como estes, o Dr. Fernando recomenda a troca de pensamentos destrutivos por pensamentos mais saudáveis, que possam trazer solução e resultados positivos ao estudante. “Ao perceber este erro, o estudante deve sair do papel de vítima e assumir a postura de responsável por seus atos, se propondo a resolver a situação com um novo plano de estudos e organização.” comenta o especialista.

Fernando Elias José é psicólogo, mestre em Cognição Humana na PUCRS, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental pela WP Centro de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, com Curso de Extensão em Psicoterapia Cognitiva na UFRGS. Ministra palestras e é membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. Há doze anos dedica-se à pesquisa em Ciências Cognitivas e vem trabalhando com preparação para provas e concursos. Realiza também atividades como consultor comportamental em empresas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem tempo para brincar?

Muitos pais exageram na dose e criam agenda de adultos para suas crianças.

Com a correria cotidiana, parece ser pecado destinar parte do dia à ociosidade, mesmo quando ainda se é criança. Nesse caso, a escolha por ocupar quase todos os minutos que seriam livres geralmente é dos pais e nem sempre é levada em consideração a opinião dos pequenos. Agora, qual será a medida certa para inserir tarefas extracurriculares na agenda deles?

A dica da educadora Maria Cecília Rodrigues de Oliveira, editora do Agora Sistema de Ensino e do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva, é os pais estarem sempre atentos para conseguirem identificar quando os filhos estão sobrecarregados.
“Cada criança reage de uma forma. Daí a importância de os pais conhecerem bem o comportamento de seus filhos para que possam estabelecer um parâmetro entre antes do início das tarefas extracurriculares e depois. Sugiro a eles observarem a ocorrência de mudanças bruscas de comportamento da criança, como sinais de insônia, inapetência, cansaço, desatenção excessiva, irritabilidade, agressividade, choro sem explicação aparente e apatia”, afirma.

É normal que os pais tenham dúvidas sobre qual é a melhor maneira de preparar as crianças para o mundo adulto, mas a especialista ressalta que é importante eles refletirem bem antes de sair matriculando os pequenos nas mais diversas atividades. 

“O mais importante é que a decisão de frequentar um curso extra esteja pautada no desejo genuíno da criança, mesmo que os pais considerem que ela não apresenta grandes habilidades para aquilo. E, na medida do possível, viabilizar o acesso dos filhos a diferentes oportunidades para eles fazerem suas próprias escolhas”, destaca a editora.

No entanto, nem sempre uma criança tem clareza do que lhe está sendo proporcionado e qual o significado disso em sua vida; então, argumentar a favor da continuidade de algo que não lhe é prazeroso parece fadado ao fracasso. 

E a professora aconselha os pais a acompanhar o desempenho dos filhos nessas aulas, buscando informações sobre o comportamento e os relacionamentos deles nesses locais. 

“Se os adultos perceberem que não há interesse por parte da criança em fazer determinada atividade, repensem sobre quão madura emocionalmente ela está para assumir novas responsabilidades. Às vezes, é melhor adiar um pouco”, explica Maria Cecília.

 Como é por meio do “brincar” que a criança aprende pouco a pouco quem é ela e o outro e quais são as dimensões do próprio corpo e suas possibilidades e limitações, os adultos devem estar atentos para não tirar o espaço para as brincadeiras do dia a dia dos filhos.

 “É brincando que uma criança exercita diferentes papéis, aprende a elaborar hipóteses e a lidar com as fantasias. A brincadeira possibilita à criança vivenciar um mundo mágico e criativo que lhe abre portas para usufruir a realidade de modo saudável, seja na interação com outras pessoas como no prazer que encontra nas atividades que realiza”, finaliza.

O Agora e o Ético, os dois sistemas de ensino da Editora Saraiva, respeitam o direito de brincar da criança ao proporem atividades lúdicas como situações de aprendizagem. Com conteúdos significativos e múltiplas linguagens, os materiais buscam contribuir com o educador ao oferecerem possibilidades didáticas de aproximação entre o dia a dia e o contexto escolar. 

Os dois sistemas disponibilizam completa linha de materiais didáticos, da educação infantil ao pré-vestibular, além de um conjunto de soluções educacionais integradas. Isso inclui portal para alunos e educadores, cursos presenciais e a distância para professores e gestores municipais, análise de desempenho escolar e ampla assessoria pedagógica.

Fonte: Planeta Educação

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sala de aula sem professor

Esther Pillar Grossi*



Inimigos de Classe é o nome da forte peça de teatro com a qual Luciano Alabarse brinda Porto Alegre neste momento. Esteve em cartaz no Theatro São Pedro e voltará a ser apresentada a partir do próximo dia 30, durante quatro semanas, no Centro Municipal de Cultura. 

Um, dentre muitos aspectos que Inimigos de Classe suscita em quem vivencia a realidade de algumas escolas públicas,são faltas frequentes de professores. 

Assisti a Inimigos de Classe há dias e não consegui escrever imediatamente a respeito do que me ocorreu sentir e pensar durante o espetáculo impactante. Um pouco do que senti e pensei transcrevo a seguir, provocada pela eloquência de uma boa obra de arte. 

Todo santo dia mergulhada que estou na trama escolar de escolas públicas pelo Brasil afora, na Colômbia e em Cabo Verde, apalpei a atualidade estarrecedora de Inimigos de Classe, escrita em 1935, na Inglaterra. 

A falta de professores nas salas de aula é uma realidade tão corriqueira em escolas públicas, que faz com que a gente ouça e sinta a tragédia dos alunos de Inimigos de Classe, à espera de um professor que não vem,como pungentemente familiar. 

Autora diz que professores faltam às aulas porque não têm prazer de ensinar. Você concorda?

Pasmem, em uma "boa" escola pública de Porto Alegre, cuja média dos salários dos seus 70 professores é R$ 5 mil, a cada dia, há anos, acontece em média ausência de oito deles. Estas ausências obrigam diariamente a uma adaptação do horário de cada turma e naturalmente um viés assassino nos planejamentos já preparados para tentar levar os alunos a se apropriarem das riquezas do patrimônio cultural e científico que nos legaram nossos antepassados, razão específica da existência das escolas. 

Dentre as muitas experiências de alunos sem professora, uma me marcou quando reuni, depois de um curso de matemática, um grupo de professores desejosos de continuar estudando essa apaixonante disciplina científica. Fizemos um planejamento em torno de um campo conceitual superinteressante, que é o sistema de numeração. Dispusemos material multibase para todos os participantes e, passadas seis semanas, nenhuma das 10 professoras, cada uma de uma escola diferente, executou o planejamento devido à falta de colegas professores. Não havia possibilidade de executar seus planejamentos didáticos previstos para uma só turma em outra com o dobro de alunos. Juntar duas turmas é uma das alternativas para tapar o buraco de uma professora faltante. 

E por que há professores que faltam tanto? Por um lado, por irresponsabilidade deles. Mas, fundamentalmente, o que desmotiva um professor é ensinar pouco e não curtir as imensas alegrias de quem faz aceder ao conhecimento uma turma de alunos. 

Mas, por que ensinam pouco? Porque utilizam metodologia ineficaz, calcada em explicações que embrutecem. Embrutecem porque seguem a lógica dos conhecimentos a ensinar, e não a lógica na qual os alunos aprendem. Para que isso mude, é necessário que a formação dos professores seja outra, mas principalmente que esta nova formação inclua a força prodigiosa do desejo de ensinar de professores com a qual, associada a muitos e sólidos conhecimentos científicos, vá realizar o que Freud caracteriza como atividades profissionais impossíveis: curar, educar e governar. Impossível para Freud é aquilo que só é conseguido com as energias próprias do desejo, capazes de inventar diante dos impasses surpreendentes que os impossíveis contemplam.

*Doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade de Paris