segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Extraordinárias aulas de graça

Alunos, pais e professores brasileiros já podem acessar gratuitamente aulas de matemática e ciências que são um sucesso nos Estados Unidos e se espalham pelo planeta.
O idealizador desse projeto foi um dos personagens mais interessantes que conheci em minha passagem por Harvard. Chama-se Salman Khan, um daqueles gênios em ciências que preferiu jogar fora sua carreira bem-sucedida no mercado financeiro para ajudar a educar crianças, tornando atrativas as intricadas (e chatas) aulas de matemática.

É de uma simplicidade extraordinária. Apenas uma mão na lousa e a locução do próprio Khan. O método fez sucesso e prosperou por que muita gente começou a acessar os vídeos. Um deles era Bill Gates, que usava o material para ajudar na lição de casa do filho. Daí surgiram os recursos para Salman se dedicar apenas a esse projeto.
Estava ali uma possibilidade simples e barata de usar os recursos digitais para amenizar nossas carências educacionais.
Considerei uma das minhas tarefas ajudar a popularizá-lo aqui no Brasil.
O problema é que o material era apenas em inglês, dificultando o uso por brasileiros.
A boa notícia é que esse material já começa a ser traduzido. Os primeiros vídeos, traduzidos pela Fundação Lemann, em parceria com a Intel, já estão ar.
Se as escolas, pais e alunos usarem esse material vamos ter um ganho educacional.
Quem é Salman Khan?
Salman Khan ganhava a vida no mercado financeiro até pouco tempo. Para ajudar uma sobrinha com dificuldades nas lições de matemática, ele postou vídeos na internet. Mais simples impossível: apenas sua mão rabiscando uma lousa. Khan conseguiu transformar uma lição de casa familiar num projeto global porque teve a ajuda de outro ex-aluno de Harvard e inventor do futuro. Bill Gates, que estava usando aquelas aulas gratuitas para ensinar matemática a um filho, decidiu investir no projeto.
Hoje a Khan Academy (www.khanacademy.org) é a maior sala de aula do mundo, com 3 milhões de alunos aprendendo ciências nas mais diversas línguas, inclusive em português. As aulas têm sido usadas tanto numa vila rural da Índia como nos bairros abastados dos Estados Unidos e da Inglaterra.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O mundo que lê

Historiador francês afirma que alfabetização crescente e maior disponibilidade de textos na era digital aumentaram o interesse pela leitura

A humanidade nunca leu tanto quanto hoje. Por um lado, a era digital faz com que os textos estejam mais disseminados. De outro, a população mundial é cada vez mais alfabetizada. Nesse cenário, descrito pelo historiador francês Roger Chartier, é papel da escola ensinar aos jovens que existem diferentes formas de ler para diferentes necessidades. E, se as salas de aula devem incorporar a presença de computadores, internet e tablets como ferramentas, também é fundamental que os professores continuem a trabalhar a leitura de livros clássicos. "Não porque eles são 'clássicos', mas porque, com outros, mas talvez melhor do que outros textos, ajudam a pensar sobre o mundo, natural ou social, a compreender as relações com os outros, a fazer as perguntas essenciais da existência e a desenvolver uma crítica às instituições, às informações, às autoridades", defende Chartier. Profundamente respeitado e estudado no Brasil e no mundo, Chartier é professor da Universidade da Pensilvânia e do Collège de France, diretor de estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales (Ehess), uma das mais importantes faculdades de história do mundo, e é considerado atualmente um dos principais pensadores no que se refere à história do livro e dos hábitos sociais de leitura. Em entrevista à repórter Carmen Guerreiro, o historiador francês fala sobre a importância das diferentes plataformas digitais para a leitura no mundo de hoje, e também frisa sua tese de que o texto muda de acordo com o meio no qual foi publicado - porque mudam também a formatação, a maneira de folhear ou fazer referências, a atenção que se exige. Além disso, o texto está sujeito ao próprio contexto de quem o lê. Para ele, classe social, idade, sexo, religião e outras características são fundamentais para determinar que tipo de leitura uma pessoa fará de um texto. Chartier lembra, no entanto, que na escola a leitura não pode ser reduzida a "exigências utilitárias". "Os livros devem também fazer sonhar, divertir, permitir a reflexão, desenvolver o espírito crítico", afirma.

O senhor defende que a leitura é muito pessoal e que seu significado depende do formato em que ela se apresenta e da interpretação que se dá ao texto. O que isso significa? Toda leitura é um encontro entre um texto e um leitor. Mas, por um lado, o texto lido está sempre em um meio físico de escrita (um livro, uma revista, uma tela), o que contribui para o seu significado. Neste sentido, podemos dizer que formas materiais de escrita afetam o significado dos textos. Esta é a forma do objeto escrito, do formato do livro, do layout, da presença ou não da imagem, etc. Por outro lado, a liberdade de interpretação de cada leitor depende das habilidades, hábitos, normas e práticas de leitura que ele ou ela compartilha com outros leitores que pertencem à mesma "comunidade de leitura", definida por classe social, idade, sexo, religião, etc. A partir daí, surge a ideia de que um texto se transforma. Mesmo que ele não mude em sua literalidade, ao mudar de formas materiais e ao mudar seus leitores - ou leituras.


Como isso funciona na escola, em que se cobra a aquisição do mesmo conhecimento de todos os alunos?Aplicada à classe, esta perspectiva deve levar à compreensão de como a materialidade dos textos lidos (no livro, na sala de aula ou na tela do computador) ajuda a indicar o seu status, seu uso, seu significado. E também para compreender o que se espera dessa leitura particular que é a leitura na escola, diferente em suas exigências e seus ensinamentos de outras leituras, feitas em casa ou em um espaço público.

O senhor defende que a revolução do livro eletrônico é talvez mais importante do que a descoberta de Gutenberg. Por quê?Johannes Gutenberg inventou uma nova técnica para a reprodução de texto, acrescentando ou substituindo a imprensa para a cópia do manuscrito. Mas o livro antes ou depois de Gutenberg manteve suas mesmas estruturas fundamentais: as folhas dobradas, contidas em uma encadernação ou capa, e que distribui o texto em folhas e páginas. Este tipo de livro, que nomeamos códex (ou códice), estabeleceu-se no Ocidente entre os séculos 2 e 4 d.C., quando substituiu os rolos, que foram os livros dos gregos e romanos. Com o códice permitiu-se fazer ações antes impossíveis, como escrever lendo, fazer a paginação, um índice definido, folhear um livro, comparar facilmente diferentes passagens. Mas esta primeira revolução do livro não alterou a técnica de reprodução do texto, ainda atribuída somente à cópia do manuscrito. A revolução do e-book é uma revolução técnica (como a invenção da imprensa), uma revolução da plataforma da escrita (como a invenção do códex) e uma revolução na leitura, que desafia as categorias e práticas que definem a relação com a escrita desde o século 18.

Diz-se que os jovens de hoje são desinteressados pela leitura.  Como a escola pode reverter esse quadro, levando em conta que precisa trabalhar os "clássicos" da literatura?É seguro dizer que o diagnóstico que afirma a rejeição da leitura entre os jovens deve ser corrigido, tanto pelo sucesso de certas obras ou séries como pelo fato de que telas de computador são telas de texto. A humanidade nunca leu tanto quanto agora. Porque os textos estão em toda parte, porque a alfabetização se tornou necessária devido ao comércio e à administração, porque o mundo digital é basicamente um mundo por escrito. A questão é, portanto, a das práticas que não são mais da tradição literária ou de ensino. Daí o papel da escola. Ela deve ensinar as habilidades necessárias para nossos futuros cidadãos ou consumidores que serão confrontados com a escrita. Deve mostrar que existem diferentes maneiras de ler para diferentes necessidades. Também deve organizar a ordem dos discursos e, assim, manter o lugar dos "clássicos", não porque eles são "clássicos", mas porque, com outros, mas talvez melhor do que outros textos, ajudam a pensar sobre o mundo, natural ou social, a compreender as relações com os outros, a fazer as perguntas essenciais da existência e a desenvolver uma crítica às instituições, às informações, às autoridades.

A forma de dar aula vai mudar por conta das mudanças às quais os livros foram submetidos com o advento da plataforma eletrônica?Não sei. O que eu sei é que as escolas devem ensinar todas as formas da cultura escrita (manuscrita, impressa, eletrônica), conscientizar os alunos de suas diferenças, e os acostumar a usar uma ou outra forma de escrever, para navegar no mundo dos textos como se faz em uma floresta. Sei também que os objetos eletrônicos inventados todos os dias representam um avanço técnico, mas também são mercadorias, que têm um custo abusivo para muitos e que geram lucros (nem sempre justificáveis por sua utilidade). É também uma lição que as escolas devem ensinar em uma crítica sobre a sociedade de consumo. Mas, é claro, um dos deveres das políticas públicas é tornar essas novas oportunidades acessíveis e familiares. Uma última coisa: nas palavras de Emilia Ferreiro, a presença de computadores ou de tablets em sala de aula não resolve por si só os problemas de aprendizagem e transmissão de conhecimentos - e, ao mesmo tempo, pode trazer a "tentação" de reduzir ou excluir o papel essencial dos professores.

Existem hoje experiências digitais com literatura, a exemplo do escritor norte-americano Robert Coover, que encabeça o movimento de "cave writing", no qual o "leitor" imerge em um ambiente 3D e interage com o cenário e personagens da história como se vivesse em seu mundo. Isso muda para sempre a forma como se faz literatura?As experiências de escrita eletrônica, com ou sem 3D, ainda são marginais. E isso porque, provavelmente, se um autor espera de seu leitor a compreensão da obra que ele escreveu em sua coerência, sua identidade, sua totalidade (mesmo sem ler todas as páginas), o livro impresso continua até hoje o objeto material mais adequado para permitir este reconhecimento. Como sabemos, a leitura na frente da tela é fragmentada, descontínua, combina texto e hipertexto, mas não foca a obra em si. Daí a importância ainda marginal (menos de 10% das vendas nos Estados Unidos, menos de 5% nos países europeus) do mercado do livro eletrônico no negócio de venda de livros. Mesmo os autores que praticam amplamente a escrita eletrônica (aquela de blogs, sites, redes sociais) permanecem fiéis à publicação impressa. As experiências que você menciona vão mais longe porque o texto desaparece ou pode desaparecer em favor de um espaço habitado tanto pelos personagens da ficção quanto pelo leitor. O risco não é o de matar por esse realismo do irreal um dos mistérios da literatura, ou seja, o trabalho da imaginação a partir das palavras na página? O leitor parece ser mais livre na medida em que pode intervir na história, mas o preço dessa liberdade aparente não é o da mutilação de sua imaginação, inteiramente sujeita ao espaço definido para ele pelo autor?

Qual é a importância de livros que envolvam experiências digitais hoje para a cultura da leitura?Uma das maiores mudanças no mundo eletrônico é a possibilidade, pela primeira vez, de associar em uma única produção textos, imagens e até sons e celulares, letras ou música. A cultura escrita deve aproveitar esta oportunidade para inventar "livros" novos, tanto de ficção quando para o saber. Não devemos deixar apenas ao mercado de entretenimento, por exemplo aquele dos jogos eletrônicos, a capacidade inédita de articular diferentes linguagens em um mesmo projeto estético ou intelectual, como fazem, por exemplo, as artes do espetáculo.

No Brasil, há certa desconfiança dos professores em relação aos e-books e a outros meios de leitura eletrônica. Por que o senhor acha que isso acontece? Esta relutância ou resistência é muito compreensível (e ela é em parte minha também), já que o texto eletrônico desafia as categorias que definem a escrita, o livro, a obra. Quando ele é livre, gratuito, imediato, o texto eletrônico é muitas vezes coletivo, apaga o nome do autor, é fora da propriedade literária, e justapõe fragmentos. Quando se trata de escrever em forma de e-books, com textos publicados por edições que não permitem a cópia ou a impressão e que os "fecham" aos leitores, a relação é mais forte com o livro impresso, e não com a leitura descontextualizada de fragmentos, sem poder ou querer relatá-los na totalidade da qual eles fazem parte. A ruptura com a ordem da escrita que herdamos é forte e brutal, pois ela faz vacilar as noções de autor singular, de obra original e de propriedade intelectual. A consequência é, portanto, que se a escola não deve ignorar as plataformas de leitura eletrônica, ela deve ensinar seus usos e mostrar o que pode ser esperado em relação a formas mais convencionais de comunicação e publicação.

O que países como o Brasil, que ainda lutam com questões básicas como a alfabetização, podem fazer para transformar a leitura em uma prioridade?O Brasil e outros países comparáveis fizeram ou fazem da entrada na cultura escrita de todos os seus cidadãos uma prioridade justa e necessária. Esta é a chave para que seja estabelecida uma cidadania verdadeira e a possibilidade de um desenvolvimento social e econômico. Mas saber ler e escrever não pode se reduzir a exigências utilitárias. Os livros devem também fazer sonhar, divertir, permitir a reflexão, desenvolver o espírito crítico. A escola deve mostrá-lo, assim como devem acontecer campanhas públicas de instalar o livro e a escrita no coração da cidade, por meio de feiras de livro, encontros nas livrarias, programas nos meios de comunicação visual.

Como um estudioso das tendências de leitura, qual é a sua previsão de como as crianças de hoje vão interagir com a leitura e com os livros como adultos?Os historiadores são os piores profetas, estão sempre errados. Por isso, vou abster-me de qualquer previsão. Prefiro formular um desejo ou um sonho. Com a era digital e os textos eletrônicos, a humanidade possui uma terceira forma de composição, transmissão e apropriação da escrita, em adição aos dois precedentes: a impressão e a escrita manuscrita. Então, só podemos esperar que se estabeleça a coexistência entre essas três formas, que não correspondem nem aos mesmos hábitos de leitura, nem às mesmas necessidades da escrita. A impressão não removeu a publicação manuscrita, que sobreviveu até o século 19, e talvez mais tarde. A invenção do códice não fez os rolos desaparecerem totalmente nos tempos medievais. Por que a escrita eletrônica ou, mais genericamente, o mundo digital, deveria acabar com o controle manual da escrita, ou com as lógicas que controlam a publicação impressa de um livro, uma revista, um jornal, e que não são da web? A resposta depende, também, da nossa vontade coletiva.

Fonte: Revista Educação

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

EAD! Conheça alguns famosos que já fizeram cursos a distância

Nelson Mandela, ex-presidente sul-africano, responsável pelo fim do apartheid
Enquanto estava na cadeia, estudou direito na Universidade de Londres. Apesar de ser o aluno de EAD mais famoso do mundo, não conseguiu obter o diploma por não ter recebido permissão para fazer os exames presenciais ao fim do curso

Arnold Schwarzenegger, ator e ex-governador da Califórnia
Schwarzenegger conseguiu seu diploma em marketing internacional e administração em 1979, pela Universidade de Winsconsin, graças a um programa de estudos por correspondência, que mais tarde se tornou on-line 

Marina Silva, ambientalista, ex-senadora e ex-candidata à Presidência pelo PV
Analfabeta até os 16 anos, fez o ensino médio graças ao Telecurso 2000, um projeto de educação pela TV. Mais tarde, licenciou-se em história pela Universidade Federal do Acre, no modo presencial

James Franco, ator americano
Por causa da carreira de ator, James Franco havia abandonado a UCLA (University of California, Los Angeles). Mas, por meio do programa de EAD da instituição, obteve o diploma de graduação e está terminando o doutorado em língua inglesa
  

Hilary Duff, atriz americana
Ao declarar em seu blog, em 2005, que havia começado a estudar em Harvard, provocou desconfiança de muitos e comentários maldosos de outros estudantes de instituição. Mas era verdade: a atriz cursou um programa a distância da universidade

Charles Dickens, escritor britânico, autor de "Oliver Twist"
Aos 12 anos, o escritor precisou largar a escola para trabalhar como operário. Mas era um autodidata e nunca deixou de estudar. Iniciou os estudos a distância na Universidade de Londres, que Dickens descrevia como "universidade do povo", por atender a classe trabalhadora 

Jessica Alba, atriz americana
Aos 16 anos, optou por terminar o ensino médio a distância, pela Escola Americana de Estudos Independentes. Foi uma forma de conciliar os estudos com a carreira de atriz 

Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, responsável pela construção de Brasília
Sem dinheiro para terminar o "secundário" (que corresponde ao atual ensino médio), estudou a distância na biblioteca de Diamantina (MG), para depois prestar os exames oficiais em Belo Horizonte. Com diploma na mão, foi estudar medicina

Shaquille O'Neal, ex-jogador de basquete da NBA
Após encerrar sua carreira de atleta, O'Neal cursou um MBA na modalidade a distância na Universidade de Phoenix. Ele diz que seu diploma solidifica seu novo papel como homem de negócios 
  
Steven Spielberg, diretor de cinema e de séries de TV
Em 1965, Spielberg havia iniciado uma graduação na CSULB (California State University Long Beach), mas acabou abandonando o curso. Completou o bacharelado em artes apenas em 2002, fazendo a distância as matérias que faltavam






Fonte: UOL Noticias 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Deu branco e agora?

Quantas vezes escutamos pessoas dizendo que estudaram para uma avaliação, mas, na hora da prova, esqueceram de tudo.
Antes de entendermos porque acontece isso devemos compreender que existem três tipos de memórias: recente, intermediária e permanente.
memória recente pode apagar-se em segundos ou permanecer por até seis horas. Quando alguém nos pede uma caneta emprestada e naquele momento a emprestamos, ou quando pedimos licença para alguém, estamos utilizando a memória recente.
Já a memória intermediária permanece somente até quando sentimos a necessidade de guardá-la, ou seja, até quando for útil. Por exemplo, você memorizou o telefone de um colega de classe no 6º ano, mas no outro ano ele teve que sair da escola e vocês nunca mais se viram. Com o passar dos anos você provavelmente não se lembrará do número de telefone dele, pois não terá mais utilidade.
Por trás da memória permanente estão as grandes emoções vivenciadas em eventos como uma formatura, um passeio com pessoas queridas, ou seja, um momento especial.
Você pode escolher qual memória utilizará para estudar ou decorar, e é isso que determinará seu processo de aprendizagem.
Quando você não está muito interessado no assunto e estuda como mera obrigação, mesmo que passe um dia inteiro estudando, o conteúdo não ficará por mais de seis horas em sua memória.
Isso ocorre porque o cérebro interpreta que a informação não serve para nada, portanto, armazenará os dados por pouco tempo.
Então o primeiro passo é saber como se comportar no momento de estudar. Por mais que não consiga interessar-se pelo conteúdo, se esforce para colocar frases positivas em sua mente: “Esse estudo vai me ajudar a tirar uma boa nota na prova.” “Estudando eu poderei ter mais conhecimento e informações existentes no mundo!”
Mas não adianta somente pensar nas frases, você deve colocá-las em prática também. Sinta a emoção positiva em suas frases. Durante o estudo, vivencie cada palavra.
Encontre um lugar favorável à sua concentração para estudar. A falta de concentração é um dos principais problemas para a memorização. Lembre-se, mantenha o foco no que está fazendo!
Tudo que está registrado no seu cérebro possui imagem, som e sensação, e está localizado em partes diferentes do cérebro, portanto nunca se deve estudar somente de uma maneira, pois se algo de errado ocorrer com aquela parte do cérebro o branco com certeza aparecerá!
Por exemplo: Você estudou para prova lendo em voz alta, mas não grifou nada, não resolveu novamente os exercícios, nem pesquisou em outras fontes sobre o assunto. Na hora da prova é normal a adrenalina ser liberada por todo o corpo. Se um pouco dessa adrenalina parar justamente no local onde está localizada a memória auditiva, ela anestesiará aquela região.
Existem algumas coisas que precisamos decorar, não é somente entender, mas sim memorizar. Para algo ser memorizado o cérebro precisa receber a observação e a associação com algo. Quando nos lembramos de algo, subconscientemente os associamos a outro fato qualquer.
Quando utilizamos leituras repetidas para memorizar, somente metade do conteúdo é retido, o resto perde-se em apenas duas horas depois de memorizado.
Memória, observação e atenção andam de mãos dadas. É difícil lembrar-se de qualquer coisa que não se observa, assim como é difícil observar ou lembrar-se de algo em que não se está interessado em lembrar.
Se quiser melhorar logo sua memória, force a si mesmo a observar qualquer coisa que se deseja recordar.
Para memorizar palavras, frases ou até números é importante desenhá-los em sua mente de uma maneira ilógica, ou seja, que saia do padrão real.

Fonte: Adventista

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Novo serviço reúne pessoas para compartilhar conhecimento

“Todo mundo quer aprender alguma coisa. E todo mundo tem algum conhecimento que gostaria de ensinar.”
Foi a partir dessa premissa que os amigos Daniel de Barros, Mauro Rego e  Leonardo Correa criaram a plataforma de crowdlearning Nós.vc. Eles acreditam que o aprendizado não deve se restringir a fases da vida ou a instituições.
Crowd é multidão. Learning é aprendizagem. E crowdlearning é um modelo em que pessoas apaixonadas pelos mesmos assuntos aprendem e ensinam lado a lado. O Nós.vc é a primeira iniciativa brasileira neste segmento e acabou de ser lançada. A plataforma permite que pessoas possam aprender e ensinar uns com os outros de maneira colaborativa.
Como funciona
1 – Qualquer um pode criar uma oficina, curso, workshop ou debate e ensinar qualquer coisa que seja. O líder é quem propõe, lidera um encontro e inspira os participantes.
A equipe do Nós.vc é responsável por providenciar materiais, espaço físico, transporte do líder, alimentação, sistema de pagamento e o que for necessário para a realização do encontro.
2 – O próximo passo é colocar a proposta em votação e o público pode sugerir como melhorar a ideia para tornar o encontro real.
3 – Com todas as informações sobre o encontro confirmadas, os participantes podem fazer as inscrições através do site.
Há dois tipos de encontro, o primeiro é o “Nós.vc” que é pago e organizado pela equipe da plataforma e pelo líder e o outro é o “Nós.vc Independente”, modalidade que apenas utiliza o serviço e os participantes pagam o quanto quiser.
Para votar
Uma das propostas que estão no ar atualmente é a “Mude o Mundo”. Ela propõe o encontro de diversas pessoas, com diversas formações e idades, para discutir a realidade e os problemas paulistanos e, principalmente, propor soluções concretas. O participante paga o quanto quiser depois do encontro.
Na proposta “Educação Fora dos Moldes”, o líder Rafael Arrivabene quer discutir ideias e opiniões sobre educação, modelos diferentes que já existem ou mesmo novos modelos, inovadores. A dinâmica principal será a participação dos encontristas, compartilhando de suas experiências ou opiniões sobre o assunto, promovendo um brainstorm sobre possíveis rumos para a Educação.
design Erica Ribeiro quer provar que “Nada se inventa, tudo se copia”. Para isso, ela propõe debater formas de criação que têm a cópia como base. A ideia é fazer projetos com o objetivo de compartilhá-los, conhecendo o creative commons e as iniciativas de cultura livre.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O conhecimento na ponta dos dedos

Na quarta-feira, 4 de janeiro, comemorou-se o Dia Mundial do Braile, em homenagem ao francês Louis Braille, nascido nesse dia no ano de 1809.

Para não se confundir o nome do sistema com o sobrenome do seu criador, convencionou-se grafar o primeiro com apenas um “l”, o que, nos dias de hoje, com tantos sinais e abreviações espalhados pelas redes sociais, pode parecer um preciosismo.

De volta a Braille, o educador, sabe-se que ele perdeu a visão aos três anos e, quatro anos depois, entrou para o Instituto de Cegos de Paris, no qual se formou professor aos 18 anos, em 1827.

O método criado por ele foi publicado em 1829, embora tenha sido oficialmente adotado tanto na Europa quanto na América somente em 1852, ano de sua morte.

Inclusão social e cidadania

O sistema Braile permite a formação de 63 caracteres diferentes, os quais representam as letras do alfabeto, os números, a simbologia científica, a musicográfica, a fonética e a informática, a partir da combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas. O sistema se adapta perfeitamente à leitura tátil, pois os seis pontos em relevo podem ser percebidos pela parte mais sensível do dedo com apenas um toque.

Braille o teria desenvolvido com base no que ouviu falar de um esquema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens à noite e em lugares sem luz.

Segundo informação da Fundação Dorina Nowill para Cegos, o sistema chegou ao Brasil em 1850, através do jovem cego José Álvares de Azevedo, mas foi praticamente 100 anos depois, na década de 1940, que o Braile foi difundido.

Em 1946, com a criação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil (atual Fundação Dorina Nowill para Cegos), a produção de livros em Braile passou a desempenhar importante papel na alfabetização de deficientes visuais e no consequente acesso deles ao conhecimento.

Há quem diga que nos últimos 60 anos não há no Brasil uma só pessoa cega alfabetizada que não tenha tido em suas mãos pelo menos um livro em Braile produzido pela fundação.

Apenas em 2011, foram impressos mais de 270 novos títulos em Braile. Ao todo, mais de 90 mil exemplares já foram distribuídos a cerca de 2.000 organizações e para as 5.000 bibliotecas públicas municipais do país, contribuindo para a inclusão social de 3,5% dos brasileiros (582.624 cegos e 6.056.684 com baixa visão), segundo o Censo 2010.
Capacitação de professores

Para Maria Glicélia Alves, pedagoga da Fundação Dorina Nowill, “a falta de informação é ainda o principal problema em relação ao Braile. Muitos professores acham que é simples ensinar o sistema a um aluno cego, mas a alfabetização tem as suas especificidades e o professor, para realizar essa tarefa com êxito, tem de buscar ajuda”.

“Entre 2000 e 2007, houve um aumento de 100% de alunos com deficiências em salas de aula no ensino fundamental. Nesse período, o número subiu de 221.652 para 463.856, de acordo com o Ministério da Educação. A grande maioria é de estudantes com baixa visão. Alunos com cegueira total aparecem em quinto lugar, depois daqueles que têm outros tipos de deficiência, como a auditiva e física”, relata Maria Glicélia.

Semestralmente, a Fundação Dorina Nowill realiza cursos presenciais de capacitação para professores em sua sede, em São Paulo (SP). O primeiro do ano será “Braile para Educadores – Apoio Essencial em Sala de Aula”, de 16 a 20 de janeiro.

A pedagoga conta que o curso oferece noções básicas do sistema Braile, enquanto técnica de leitura e escrita para acompanhamento e apoio do aluno com deficiência visual na sala de aula.

Ela lembra que a educação inclusiva evoluiu bastante nos últimos anos, mas ainda há muito que fazer. “A especialização do professor que trabalha com alunos deficientes é um desafio. Acima de tudo, a inclusão tem que começar na própria família do deficiente. O desconhecimento das necessidades da criança cega pode, muitas vezes, significar o seu isolamento de um mundo no qual todos têm os mesmos direitos e oportunidades.”

Fonte: UOL Noticias

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Rir é preciso

Avessa ou indiferente ao riso, a escola perde a oportunidade de usar o (bom) humor como recurso didático e elemento inibidor de conflitos

Paulo de Camargo


No célebre best-seller O nome da rosa, o filósofo Umberto Eco oferece ao leitor uma trama que passa pela obstinação de um monge em fazer desaparecer uma fictícia obra manuscrita de Aristóteles sobre um tema incômodo para a igreja medieval: o riso. O cenário era um milenar mosteiro europeu. Mas assim como nas conhecidas comparações que aproximam escolas e outras instituições que resistem a mudanças, esta história também poderia ser contada, ainda que com algum exagero, nos colégios atuais. Avessos ou, pelo menos, indiferentes ao tema do humor, os colégios perdem uma excelente oportunidade de abrir espaço para uma manifestação tipicamente humana, associada com inteligência aguda, capaz de motivar professores e os alunos e gerar um ambiente de melhor qualidade, justamente em tempos em que as brincadeiras de mau gosto e violentas, como o trote e o bullying, ganham as manchetes de jornais.
"Ninguém fala disso nas escolas, o que é uma pena", diz a psicóloga Denise Gimenez Ramos, professora de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Este é um tema fundamental, pois tem a ver com inteligência e saúde mental", resume. "A escola desdenha ou não vê valor em uma área que é muito rica e traz debates muito atuais e significativos", complementa o psicólogo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), que vem pesquisando sobre as relações entre o humor e o campo da moralidade.
Numa espécie de contrassenso, as escolas são espaços onde se ri - e muito, ainda que quase sempre da sala de aula para fora e de forma algo clandestina. Segundo Denise, há pesquisas que mostram que uma criança chega a rir 300 vezes por dia. Mas, na escola, por ser associado com bagunça, quebra de hierarquia, indisciplina, o riso frequentemente não encontra espaços de expressão.
Há pelo menos três formas de notar a importância - e talvez a urgência - desse tema no meio educacional, em especial na Educação Básica. Em primeiro lugar, o humor possui um conhecido efeito de distensionar o ambiente. Em um momento em que se fala tanto em resolução de conflitos no espaço escolar, o humor pode funcionar tanto como um antídoto para relações excessivamente conturbadas, como um catalisador para relacionamentos humanos mais saudáveis. "O bom humor tem a ver com a capacidade de lidar com estresse e é um natural mediador de conflitos", explica Denise Ramos.
O humor também pode se apresentar como um caminho para encurtar a distância cultural cada vez maior existente entre as gerações de professores e de alunos, o que tem impacto direto na sala de aula. Favorece o diálogo, promove vínculos e, principalmente, humaniza o relacionamento. Segundo o pesquisador James Neuliep, da Universidade de Wisconsin, que faz pesquisas sobre o assunto, como há uma natural diferença de status entre professores e alunos, o humor ajuda os estudantes a compreender o lado humano do docente. "Quando utilizado adequadamente, ele pode ajudar a reduzir a distância psicológica entre professores e alunos", escreve Neuliep, em artigo publicado no site da ASCD, uma organização norte-americana para o desenvolvimento curricular.
Nessa vertente, podem ser consideradas não apenas as ações intencionais do professor para criar um ambiente mais descontraído, como também estratégias didáticas que têm no humor sua pedra de toque - como, por exemplo, o uso de jogos e brincadeiras na alfabetização, no ensino da matemática e de outras disciplinas.
Essas representam, por assim dizer, percepções mais imediatas do papel positivo do riso na escola. Mas, na medida em que o nível de reflexão sobre o papel do riso se aprofunda, é possível notar que há muito mais do que descontração sob uma risada. Está em jogo a possibilidade da escola de trabalhar sobre aspectos mais profundos da educação, como a busca de sentido para a vida.
Para Denise, as escolas não apenas deveriam ver no humor uma forma de crescimento pessoal, mas ativamente buscar desenvolvê-lo, já que se trata, segundo ela, de uma atitude que também pode ser ensinada e que frequentemente se aprende por imitação. Segundo ela, bom humor não é simplesmente dar risada de qualquer coisa, mas desenvolver um senso crítico, o que tem a ver com a possibilidade de distanciamento e de auto-observação. "O bom humor se relaciona com a capacidade do indivíduo de refletir, ou seja, conforme a etimologia da palavra, de dobrar-se sobre si mesmo", afirma. "O problema é que na escola aprendemos muito sobre a história do mundo, mas pouco sobre nós mesmos", diz.
Yves de La Taille, por sua vez, defende que há questões verdadeiramente existenciais por trás do humor. "Para uma geração de jovens que está doida para encontrar algum sentido na vida, é um prato cheio", diz o pesquisador. Uma das razões que revelam a importância do humor é justamente a sua universalidade. "Todo mundo ri, seja bebê, seja idoso, em qualquer cultura humana, em toda parte do mundo", afirma. Contudo, diz Yves, as razões pelas quais se ri são muitas - e o humor é apenas uma delas.

Gustavo Morita
Está rindo de quê?
Há centenas de anos, escritores, cientistas, filósofos, pensadores de várias áreas tentam categorizar o riso e suas causas, que podem variar da alegria à vergonha, ou ser despertado pela ironia, pelo exagero, pela humilhação, entre muitos outros fatores. Do ponto de vista técnico, pode-se falar do que provocam as gargalhadas, como o exagero, a surpresa ou a detecção do que há de repetitivo e característico nas pessoas e nas culturas.
Para os estudiosos do cérebro, o riso também é um campo de estudo interessante. Segundo Elvira Souza Lima, pesquisadora em neurociência e educação, a gargalhada, o sorriso e o riso são reações primitivas do cérebro humano, e estão ligadas à sobrevivência da espécie, ao estimular a liberação da chamada "química positiva", próxima à zona de prazer. A gargalhada, assim como o choro convulsivo, produz reações de contágio, assim como o bocejo.
Mas há um aspecto que Elvira considera particularmente importante para a educação. "O humor tem uma capacidade de subverter a ordem como as coisas estão armazenadas na memória de longa duração. Assim, introduz elementos novos nos esquemas prontos, e por isso está ligado à subversão da ordem dada e à curiosidade", conta. Por razões como essa, é um componente fundamental no modo pelo qual os seres humanos aprendem a se relacionar e a lidar com o cotidiano.

Entre tantas definições, La Taille enxerga que há pelo menos uma convergência entre as diferentes abordagens sobre o riso: a diferenciação entre o riso bom e o riso mau, o que traz à tona o critério moral. Para ele, um bom ponto de partida pode ser a definição dada por um humorista francês, chamado Marcel Pagnol, para quem o riso é um 'clamor de superioridade'. Desse ponto de vista, rimos quando nos sentimos superiores a algo ou capazes de lidar com as situações em que estamos envolvidos. Por isso, saber rir de si mesmo é um traço positivo de personalidade que denota humildade, consciência das limitações das pessoas e um distanciamento que permite enfrentar com mais leveza a comédia humana.
Já no riso negativo, o que está em jogo não é a nossa superioridade, diz, mas a inferioridade dos outros. E aí começa o perigo, que pode ser compreendido por um exemplo familiar a todos: as piadas. Segundo La Taille, geralmente as piadas falam porque tratam daquilo a que nos sentimos superiores, frequentemente em relação ao quesito inteligência: versam sobre a burrice, a vaidade, a avareza. Os protagonistas variam conforme as culturas. No Brasil, há piadas de português, como na França se fala dos belgas. Na verdade, pouco importa quem seja, pois o que está em foco é a posição ocupada por quem conta. Há um gênero de piadas no qual a razão do riso é especificamente a inferioridade do personagem de quem falamos. "Nas piadas nazistas, vemos que ela se reporta diretamente à inferioridade do negro e do judeu", exemplifica La Taille. Do mesmo modo, em situações típicas do meio educativo, como o trote e o bullying, o riso provém da humilhação, e a graça vem da inferioridade do perseguido.

O direito de rir
A distinção entre o riso negativo e o positivo remete diretamente à questão que vem sendo estudada pelo grupo da USP: o direito ao riso. Do que podemos rir, então, sem cair nos limites estreitos do politicamente correto? Esta pergunta pode dar início, na escola, a um mundo de reflexões éticas que vem sendo realimentado frequentemente pela mídia em casos como o do humorista Danilo Gentili, por exemplo, quando disse que os judeus de Higienópolis, em São Paulo, não queriam o metrô porque o associavam com os trens que os levavam para o campo de concentração. "A última vez que chegaram perto de um vagão, foram parar em Auschwitz", teria escrito.
La Taille lembra outro humorista francês, Raymond Devos, para quem só temos o direito de rir sobre os valores fortes e seguros de uma pessoa ou de comunidades. Desse ponto de vista, inadequada é a piada sobre tragédias recentes, sobre pessoas fragilizadas e situações dolorosas que ainda não foram bem absorvidas. Este é, porém, um campo mais de debates do que de consensos, e por isso se mostra especialmente fértil para o trabalho em sala de aula. Até porque, defende o psicólogo, praticamente 90% do bom humor refere-se ao humor crítico, uma competência cara à escola e à educação contemporânea. Neste específico, trata-se de uma criticidade turbinada, tanto que os programas de humor sofrem restrições em períodos eleitorais. Promover o posicionamento, a compreensão do que está em jogo em uma situação de humor pode ser um debate interessante.
Outro elemento rico da cultura contemporânea trazido pelo humor são os próprios programas televisivos, frequentemente criticados. Segundo La Taille, isso ocorre porque é humanamente impossível ter um humor inteligente todo o tempo. Por isso, os programas apelam para outras formas de estimular o riso, com frequência o sexo. "O riso do sexo não vem do humor. É causado pela vergonha e pelo constrangimento, tanto que se pode notar que se ri de forma histérica nessas situações", reflete. Mais um tema para a sala de aula.
Seja como for, a riqueza do humor pode ser explorada de muitas maneiras pela escola. Para isso, segundo Denise Ramos, da PUC-SP, é preciso que ele não seja associado com irresponsabilidade ou desorganização. "Podemos ser pessoas muito bem-humoradas e extremamente responsáveis, pois não há nenhuma contradição nisso", lembra. Para ela, o humor traduz um princípio existencial que interessa a todos, e é uma lição para qualquer idade: a necessidade de se lembrar do que é, de fato, essencial, dando a proporção devida aos acontecimentos. A seu ver, o humor amplia essa consciência. "Tirando as situações de vida e de morte, nada é tão importante assim", conclui.

O humor na sala de aula
Para a pesquisadora Elvira Lima, há uma contradição importante no silêncio das escolas sobre o humor. "Somos uma cultura alegre, que valoriza o riso e a música, e ambas quase sempre estão fora da vida escolar", diz a pesquisadora. Consultora educacional, Elvira vem trabalhando nos últimos anos com escolas indígenas, e lembra que o traço humorístico da cultura brasileira é em grande parte tributário dos índios. "Estudos antropológicos vêm mostrando que os índios influenciaram muito esse traço. É raro ver um índio gargalhar, mas a expressão do humor está no seu cotidiano de forma muito forte", conta. Nas escolas onde trabalha, a inclusão da música e de atividades lúdicas reduziu muito situações de conflitos entre os alunos.














Experiências
Para Elvira, o tema é de tanta importância que deveria fazer parte da formação de educadores. Segundo ela, um dos entraves que vêm sendo estudados por psicólogos sobre a dificuldade de aprendizagem é o medo que muitos alunos sentem de não aprender, do professor ou da própria instituição. "O estado de alerta é decorrente do medo, e acaba bloqueando o caminho da aprendizagem", diz. Um ambiente educativo com a leveza do humor desarma esse gatilho e aproxima o aluno do conhecimento.
As escolas que fizeram uma escolha consciente de trabalhar com ou sobre o tema do humor relatam experiências muito positivas. Essa possibilidade foi bem explorada pela Escola Viva, em São Paulo, ao longo do último semestre. Lá, os alunos de 7o ano de ensino fundamental estudaram, no curso de artes cênicas, os estereótipos da cultura brasileira. O caminho encontrado para isso foi justamente o da comédia. Fazendo a leitura de programas televisivos, estudando clichês do humor, os jovens experimentaram os diferentes recursos usados na produção do riso. 
Trabalharam sobre o humor despretensioso, passando por Charles Chaplin ou Jerry Lewis (mais "palhaço") e, em um segundo momento, com o humor crítico, explorando a estratégia do exagero e das mensagens rápidas para captar a atenção do público. No pano de fundo do estudo, estavam a discriminação, o ridículo e o preconceito, muitas vezes veiculados nos programas humorísticos. "O humor é um dos canais que permite e sustenta a possibilidade de se trabalhar essas questões", explica a coordenadora de comunicação, Marta Campos. Ao final do projeto, os estudantes fizeram sua própria apresentação, com suas criações satíricas, não sem antes ter passado por autores como Millôr Fernandes e Ariano Suassuna.
O humor na literatura é, aliás, um dos exemplos de como o riso não é mesmo levado a sério na educação. Basta olhar o programa de leitura, onde raramente são destacadas comédias e outros textos literários marcados pelo humor, ainda que de alta qualidade estética. "No entanto, o humor tem características artísticas plenas, como se vê no francês Molière ou mesmo em quadrinhos, como Asterix, por exemplo", exemplifica Yves.
Essa percepção é compartilhada no colégio Ítaca, em São Paulo, pela diretora Mercedes de Paula Ferreira. Em sua escola, o humor entra no estudo dos diferentes gêneros linguísticos e literários. Sempre há um trabalho (com esses e outros textos) que passa pela questão do humor e também pelos recursos que permitem obter esse efeito de sentido. Todos são fundamentais para que se conheça bem o funcionamento de uma língua", avalia.

Já no caso do colégio Cermac, também na capital paulista, existe a preocupação de incluir no programa de literatura textos de autores de comédia, como os de Luis Fernando Veríssimo, entre outros. Para a diretora Roberta Mardegam, a experiência do humor é muito valorizada principalmente no cotidiano de sua instituição de forma consciente. De acordo com sua experiência como coordenadora, o bom humor sempre contribui para construção de vínculos fortes com os alunos - e ela dá essa recomendação para os professores.

Diversos contextos
Em muitas situações, é na sala de aula que se revela o impacto motivador do riso. O humor é também um recurso legítimo de didática. Não se trata do velho e contestado "aprender brincando", mas de uma forma de cativar o aluno, criar vínculos e motivá-los por meio de uma forma de expressão humana da qual todos gostam. Novamente, é preciso cuidado. Bom humor não significa rir à toa, de forma desenfreada. Do mesmo modo, as razões do riso variam da sacada inteligente ao sarcasmo agressivo. Para o professor que pretende lançar mão do humor como uma estratégia de encantamento, é preciso consciência sobre este processo. Muitas vezes, não é preciso desenvolver técnicas de humoristas, mas simplesmente criar um ambiente um pouco menos rígido, com momentos de respiro e expressão dos alunos.
Pode ser interessante estar atento às coisas engraçadas e às expressões que os próprios alunos utilizam, para trazê-las em evidência nos momentos certos, ou mesmo registrar histórias leves que possam ser contadas eventualmente para todos. Há também jogos com trocadilhos e outros recursos pontuais a serem explorados, mesmo por aqueles que julgam não ter muito jeito para a coisa. "É claro que existem momentos de seriedade e não se deve rir de tudo, mas a postura de encarar o cotidiano com humor é um componente importante da qualidade do ambiente", diz Roberta Mardegam, do Cermac. Para Marta, da Escola Viva, o humor permite dar espaço para escuta como um respiro durante as aulas. "Evidentemente isso apenas não resolve, mas nos permite discutir para ver como resolver as dificuldades, olhando de fora os problemas", lembra.

Professor e gestor
Para o consultor em gestão Marcelo Maghidman, investir em um ambiente bem-humorado não é um desafio apenas para os professores. Trata-se de uma preocupação que deve começar na gestão. Até porque muitas vezes um ambiente institucional é falsamente leve. O riso muitas vezes não é sinônimo de bom humor. Nos ambientes corporativos, especialmente, há quem ria por conveniência social, para fugir de problemas ou simplesmente não acusar a insatisfação. Maghidman atribui ao líder escolar o papel de dar o tom do ambiente da escola, o que fará por ato ou omissão. O humor é sabidamente uma característica da liderança positiva - e, de novo, nada tem a ver com ser bonzinho e dizer sim a tudo. Mas é uma mensagem clara de que é possível enfrentar as dificuldades de forma coletiva, com respeito às pessoas e com trabalho em equipe. "O bom humor, assim como o mau humor, tem um efeito irradiador no ambiente", diz. Por isso, para o consultor, o líder pode estabelecer um clima organizacional diferente e levar isso em consideração na própria montagem de sua equipe.
Assim, para alunos, professores e gestores escolares, está aí uma boa ideia para começar o ano com o pé direito. Entre tantos temas árduos na educação, numa instituição com tantos desafios, pode ser um bom caminho temperar o planejamento, as leituras, o currículo, enfim, toda a escola, com uma pitada desse poderoso elixir da saúde mental, tão temido por seu poder transformador: o riso.

Fonte: Revista Educação