quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Educação em 140 caracteres

O que mais se discute, e se reflete, em relação à educação brasileira é a escassez – em todas as áreas. As greves de educadores, que minam o estudo do mais pobres, tem como pano de fundo a reivindicação de um salário menos ralo; se os jovens pudessem entrar em greve, pediriam certamente aulas menos esporádicas. Os secretários municipais, por sua vez, culpam a falta de qualidade do ensino pela escassez de recursos repassados da União, já intelectuais bradam contra a insuficiente porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) para a área.
Na educação, menos nunca significou mais. No entanto, no combate à falta de sentido que a escola tem hoje para o aluno, há experiências em que a teoria minimalista pode se valer.
O escritor José Santos é um educador que buscou na economia de palavras, e nos caminhos da comunicação, uma maneira inteligente e sensível de unir aprendizado, identidade e sentido. Suas oficinas itinerantes de “micropoemas” valorizam a descoberta do verso pelas crianças e jovens – e o uso da poesia como expressão.
O autor usa delicadeza e para desvelar os segredos de poemas curtos, inspirados muitas vezes na essência dos haikais japoneses. Mais que isso, ele estimula os estudantes a produzirem os seus próprios, que devem sintetizar desejos e refletir a vida de cada um – inclusive seu entorno comunitário.
Com os poeminhas prontos, chega a etapa mais importante do processo de comunicação: publicá-los. Com 140 caracteres, os poemas estão prontos para ser transmitidos pelo Twitter, ou mesmo por mensagem SMS de celular. Qualquer mídia que esteja na mão do jovem, seja barata e também eficiente na entrega da mensagem, ganha uma nova função.
Os micropoemas também são geolocalizados, ou seja, “espetados” num mapa virtual (Google Maps) para que os autores possam encontrar-se fisicamente. A cidade torna-se assim um mapa de poemas – que simboliza um mapa de pessoas.
José Santos trabalha umas das habilidades mais preciosas, e também mais  raras no ambiente escolar: a linguagem. Ele desenvolveu seu talento em mais de quinze livros publicados para crianças e jovens, entre eles os criativos “Poemas para Vestir” (Estação das Letras e Cores – 2011) , que contam um pouco a história da moda.
Quem, como eu, achava que 140 caracteres eram pouco, é bom repensar. Os micropoemas, ou o uso de redes sociais na primavera árabe, mostraram que, na linguagem atual da comunicação, podem significar o suficiente, ou até muito.  A educação formal, sempre escassa de ousadia, sequer começou a descobrir isso.
Fonte: Portal Aprendiz

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Planejar gastos com educação requer muita atenção e alguns truques na manga

Qual é a mãe ou o pai que não desejam uma boa educação para seus filhos? E, por isso, muitos deles optam por pagar uma escola particular, esperando que o investimento garanta um futuro melhor para as crianças.

Na maior parte do tempo, os pais pesquisam linhas pedagógicas para saber qual é mais adequada ao jeito de aprender do filho. A estrutura da escola (laboratórios, biblioteca e parquinhos) é visitada e os olhos são de lince (Veja aqui o que os pais devem observar na infraestrutura fisica). Se a família mora numa cidade grande, a localização da escola também é fator de importância. 

Diante de tantas preocupações, o preço da mensalidade parece até secundário. Mas não é.

Alguns pais não observam os detalhes na hora de planejar financeiramente os custos escolares dos filhos. Investir em uma escola particular significa ter gastos que vão muito além da mensalidade. Por isso, os especialistas recomendam que os pais considerarem todos os custos requisitados pela instituição escolhida -- e, avaliem alternativas para manter a qualidade da formação do filho, gastando menos. 

“É fundamental saber qual é a política de gastos da escola, seja com material, passeios, atividades extra-curriculares, uniforme, lanche. Só assim os pais têm condição de avaliar se podem ou não arcar com este investimento”, argumenta Marcos Crivelaro, professor de finanças da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista).

1 milhão de reais


Não há como precisar quanto realmente custa um filho do ensino infantil até o término da faculdade, já que as variantes em questão não podem ser padronizadas. Mas há como ter uma estimativa aproximada, considerando, por exemplo, a classe média de hoje. “Pelos meus cálculos, esse gasto gira em torno de um milhão de reais”, diz Samy Dana, professor de economia da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas). Já para Marcos Crivelaro, quilos de outro são outra boa medida para estimar esse valor. “No mínimo, a conta bate com uns 11 quilos de ouro. Uns 600 mil reais de gasto, pelo menos”, diz. 

DICAS PARA ECONOMIZAR

MENSALIDADE: Veja se é possível conseguir algum desconto no pagamento da anualidade em uma única parcela (se você tiver esse montante para desembolsar, é lógico)
LANCHE E ALMOÇO: Sempre que possível, mande algo de casa. Além de mais barato, costuma ser mais saudável
MATERIAL ESCOLAR: Pesquise e, se possível, compre fora da temporada de volta às aulas
LIVROS DIDÁTICOS: Tente comprar livros de segunda mão
UNIFORME: Se a escola exige uniforme, tente reciclar os conjuntos de um ano para o outro; caso contrário, separe algumas peças apenas para a criança ir para a escola
TRANSPORTE ESCOLAR: É caro, mas depende do valor do tempo dos pais: "para um autônomo que trabalha por hora, o tempo gasto na locomoção do filho pode ser altamente prejudicável", comenta Dana
RODÍZIO: Procure outras mães e outros pais da vizinhança e pratique carona solidária
Se de imediato esse montante soa irreal, vale lembrar que a educação é um investimento a longo prazo e cujos gastos tendem a aumentar anualmente um pouco acima da inflação, entre 10 e 15% ao ano, com saltos maiores (cerca de 25%) nas mudanças de estágio escolar, ou seja, do ensino infantil para o fundamental, do fundamental para o médio e do médio para a faculdade, sendo que este último pode ser maior ainda dependendo da escolha profissional do filho.

Diante dessas perspectivas, poupar para garantir a continuidade de uma boa educação acaba sendo a saída mais inteligente. “Optar por um plano de previdência privada é uma boa, pois este produto ajuda a disciplinar a poupança de forma planejada e normalmente embute em seu pacote um seguro de vida, que garante a educação dos filhos mesmo no caso de falta dos pais. Quem já poupa normalmente e tem boas reservas financeiras pode investir em mecanismos mais tradicionais, como fundos e títulos, mas sempre de forma planejada e visando atingir os objetivos de poupança”, sugere o especialista em finanças pessoais Gustavo Cerbasi.

Fatia do orçamento doméstico


O valor do item educação varia de acordo com o padrão de vida e da renda familiar, mas segundo Cerbasi,  normalmente não ultrapassa ou não deveria ultrapassar de 10 a 15% dos ganhos da família. Para ele, o sacrifício para oferecer uma escola de padrão superior a essa porcentagem deve ser ponderado. “Além de onerar a renda familiar, esse custo elevado pode representar um sério risco para o filho à medida que ele é inserido em um grupo social de hábitos muito diferentes e, quase sempre, finaceiramente bem mais elevados”, alerta.

O professor Samy Dana é mais categórico. Segundo ele, a educação deve ser incluída nos 30% recomendáveis com gastos fixos, em que também entram, por exemplo, aluguel (se for o caso), condomínio, água, luz, telefone. “O restante da renda deve ser dividido entre gastos variáveis, como roupas, entretenimento, lazer e poupança, que garante o aumento de patrimônio e viagens mais caras, por exemplo. O desequilíbrio das partes é sempre oneroso porque comprometendo a poupança, por exemplo, seu patrimônio para de crescer, diminuindo gastos corriqueiros, onde entram inclusive os fixos”, explica o professor.

Agora, a ideia de ficar garimpando economias nos pequenos gastos diários, como cafezinhos, revistas, manicures, não é nem um pouco recomendada, segundo Cerbasi. Para o especilista, tais gastos são irrefutáveis fontes de bem estar e mantenedoras de uma mente psciologicamente saudável. “Esses sim são custos aparentemente invisíveis, que não podem ser desprezados e nem substituídos por gastos exclusivamente voltados aos filhos”, reitera.


Fonte: UOL

Calcule os custos da educação do seu filho e descubra se está dentro do recomendado por especialistas em finanças pessoais

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Fonte: UOL

Mudanças no Ensino Médio e futuro da greve devem pontuar encontro entre Cpers e governo

Após um recrudescimento das discussões entre governo do Estado e Cpers no final da semana passada, as duas partes vão reabrir as negociações nesta terça-feira. 

A Secretaria da Educação (SEC) confirmou para a manhã desta terça, em Porto Alegre, uma reunião com representantes dos professores em greve.

A proposta da administração estadual é ouvir os argumentos do sindicato em relação ao controverso projeto de mudança do Ensino Médio nas escolas públicas gaúchas.

O encontro foi solicitado por ofício na sexta-feira pelo Cpers, após o governo afirmar que só receberia os professores se um pedido de audiência fosse protocolado. O governador Tarso Genro chegou a dizer que só receberia os professores depois de encerrada a paralisação.

O secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, e a secretária-adjunta, Maria Eulália Nascimento, vão representar o governo na reunião.



Fonte: Zero Hora

Estímulo na primeira infância, benefícios para a vida inteira.

Crianças que frequentam creche e pré-escola têm mais sucesso escolar; déficit de vagas é grande.




Crianças estimuladas nos primeiros anos de vida e que passam pela educação infantil têm mais chances de ter bons resultados no ensino fundamental, de concluir a educação básica e de contribuir para quebrar o ciclo de pobreza no país, afirmam especialistas em educação. No entanto, nem todas conseguem essa oportunidade. No Brasil, cerca de 10 milhões de crianças de 0 a 3 anos não têm acesso a creches. Para acabar com o déficit, segundo a Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), é necessário construir 12 mil unidades.
— Estudos mostram o impacto dos anos iniciais. Mas a educação infantil tem que ser de qualidade. Creche ruim não adianta. É preciso que creches e escolas tenham paciência para investir nas crianças. Não adianta ter um adulto para cuidar de seis. É útil quando elas são estimuladas, quando começam a ter noções de limite, passam a ouvir histórias, se interessam por livros e aprendem a conversar — afirma João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beta.
Professora de Políticas Públicas e Linguagens da Infância da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro diz que o aprendizado em creches e pré-escolas ajuda no desenvolvimento cognitivo, físico e nas atividades relacionadas à criatividade, socialização e memória:
— A criança estará submetida a um processo de estimulação que ajudará na alfabetização, na coordenação motora, na observância de regras e na criatividade. Terá mais condições de desenvolvimento. Os pais, às vezes, não contam histórias, não leem livros, e a criança fica à margem desse estímulo.
— Ela (a criança) já chega ao ensino fundamental mais preparada e, por conta disso, tem melhor desempenho e mais oportunidade de terminar esse ciclo — diz Maria Regina Maluf, professora de Psicologia da Educação da PUC-SP.

Fonte: O Globo

A educação inclusiva uma utopia?

No Brasil o discurso sobre inclusão de pessoas com deficiência quer seja na escola, trabalho, lazer, espaços sociais tem sido ainda uma utopia. As mudanças de fato estão sendo forjadas por grupos de pais mais organizados, educadores, alguns líderes políticos, entidades, ONGs e os meios de comunicação.  Está caminhando a passos curtos, mas caminhando em alguns locais, regiões.
A preocupação reside ainda, somente com os resultados quantitativos como, por exemplo, quantos alunos com deficiência estão matriculados nas escolas do Brasil, do que com os resultados qualitativos das relações com aprendizagem e conhecimento, que seria importante saber, por exemplo, de que maneira estes alunos estão matriculados, como estão sendo atendidas as necessidades singulares destes alunos, como estão aprendendo, se relacionando, se estão felizes e realizados. Do ponto de vista dos professores, as perguntas recairiam, estão sendo capacitados e aprendendo de fato, mudaram suas atitudes, o currículo e avaliação da escola foram modificados e o plano político pedagógico, há cooperação entre a saúde e educação para atender os casos de alunos com autismo, dentre outros que precisam de atendimento clínico especializado, e viriam muitas outras indagações, sem falar das questões da família que vamos ponderar mais abaixo.
Perguntas estas que não calam, mas ficam veladas a espera de atitudes mais eficientes e humanizadoras. Muitas ações de políticas públicas do governo federal estão sendo efetivadas e apoiadas no âmbito estadual e municipal. Contudo, as escolas estaduais por serem maiores em demanda de alunos sendo que na mesma proporção acontece com o numero de seus professores que precisam ter formação para compreenderem a educação inclusiva, são as que apresentam as maiores dificuldades em relação às escolas municipais e particulares. O Ministério da Educação tem em seu bojo uma proposta de vanguarda, mas as dificuldades são de ordem pragmática, ou seja, políticas públicas mais eficientes, investimentos em formação e materiais pedagógicos (tecnologias assistidas), trabalho e investimento para mudança cultural de atitudes ainda preconceituosas e falta de informação para a população geral.
A Educação Inclusiva não se restringe a educação, mas uma forma social de relacionar-se com o ser humano. É um processo árduo, desafiador mudar a cultura do ser humano!
O que observamos é que cada um faz uma parte que nem sempre forma um todo convergente, um emaranhado entre leis, projetos, iniciativas, verbas, metodologias que por muitas vezes se desencontram da concepção humanística, tornam-se apenas uma retórica universitária ou um projeto político fugaz.
A educação inclusiva é um direito humano, é uma educação de qualidade e precisa ter um bom senso social. Uma escola inclusiva é aquela que encoraja todas as crianças a aprenderem juntas, colaborando e cooperando mutuamente. Uma escola que discorde da prática de separar as crianças em capazes e incapazes. Uma escola que concorde que todas as crianças são capazes e que cada criança é capaz a seu modo. Uma escola que admite que cada criança aprende de um jeito só dela e, por isso, tem o direito de aprender do jeito dela. Uma escola que ensina o que as crianças querem e precisam aprender em função da situação de vida de cada criança. Uma escola que faça das crianças felizes!
Mas ainda as escolas estão focadas para que as crianças passem no vestibular, sejam competitivas, individualistas que é bem diferente de ser independente e autônoma.
Partimos do pressuposto de que entendemos a Educação Inclusiva como sendo um conceito muito mais amplo do que o de inserção do aluno com deficiência nas escolas regulares, como é resumidamente pensado, mas com uma visão mais expansiva do caminho a ser percorrido por este sujeito, desde a hora do seu nascimento, com uma acolhida planejada e articulada entre os profissionais das diversas áreas. Parto do princípio de uma inclusão programada e gradativa, responsável passo a passo dentro de um referencial ético. Tanto para quem está sendo incluído podendo ser “a criança, jovem, adulto, a família”, todos estão saindo de um modelo de exclusão, todos estavam ou estão em alguma medida institucionalizada quer seja em escolas especiais, classes especiais ou qualquer outra forma de exclusão social marginal.
O trabalho em conjunto com a família é fundamental não existe inclusão se a família não fizer parte do processo, muitas vezes só trocamos o aluno de lugar a os pais continuam reagindo da mesma forma, não há apoio, não há compreensão, apenas a necessidade de resultados. A família também precisa ser incluída, desde a sensibilização aos professores e capacitação continuada, enfim todos deverão fazer parte do processo.
Numa outra perspectiva, constatamos uma inegável mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de educadores, pesquisadores, de agentes sociais, formadores de opinião e do público em geral. Estas mudanças se traduzem na incorporação das diferenças como atributos naturais da humanidade, no reconhecimento e na afirmação de direitos, na abertura para inovações no campo teórico-prático e na assimilação de valores, princípios e metas a serem alcançadas.
Também precisamos de medidas que visem assegurar os direitos conquistados, cada vez mais à melhoria da qualidade da educação, e investimentos em uma ampla formação dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a previsão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras possibilidades. Nesta dimensão se potencializa um movimento de transformação da realidade para se conseguir reverter o percurso de exclusão de crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência no sistema educacional.
Alguns dos trabalhos mais recentes realizados por Edgar Morin (2002) para a Unesco tentam responder a interrogações que nos esperam a cada dia quando entramos na sala de aula: o que a escola tem para ensinar?
Ensinar as cegueiras do conhecimento: dar a oportunidade de aprender sobre a ilusão e os “erros da mente”; ensinar os princípios do conhecimento pertinente: ensinar a interpretar o contexto e a resolver problemas; ensinar a condição humana: ensinando que o ser humano é ao mesmo tempo físico biológico, psíquico, cultural, social e histórico, ensinar a identidade terrena e a história da terra: para que se compreenda desde idades tenras que o destino do homem está intimamente ligado ao destino da terra e da natureza.
Enfim acredito, aposto na utopia da escola inclusiva. Posso dizer que sofro de “utopismo”, que consiste na ideia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa, sonhadora e normalmente contrária ao mundo real.
O “utopismo” é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem. E se os sonhos podem ser transformados em realidade, então vamos lá, mãos a obra!

Fonte:UOL filhosecia

O Impacto da internet na educação

     O impacto da internet na educação foi muito bem analisado por Isaac Asimov que mostrou toda sua genialidade prevendo, em 1988, a importância da Internet na educação e em nossas vidas. Nessa entrevista gravada em 1988 por Bill Moyers no programa de TV World of Ideas. Asimov prevê entre outras coisas as redes sociais e aplicações como a Wikipedia, Yahoo Answers, etc.
Asimov foi reconhecido como mestre do gênero da ficção científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos "Três Grandes" escritores da ficção científica.
Quem é Isaac Asimov? Veja Aqui







Fonte: Especial Educação

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Desvendando os mistérios do chocolate

O chocolate sempre foi considerado o inimigo número um das dietas e da vida saudável. Mas a Medicina e a Nutrição estão comprovando que os seus benefícios superam eventuais prejuízos.

Chocolate e o vestibular 
A sua capacidade de estimular a produção de serotonina (substância do cérebro que melhora o humor das pessoas) ajuda a combater a depressão e a ansiedade. Além disso, contém substâncias estimulantes como a cafeína, a teobromina e a tiramina que agilizam o raciocínio. Portanto, levar uma barra de chocolate para as provas do vestibular é uma idéia sábia, uma vez que os estimulantes do chocolate deixam o cérebro do estudante "mais esperto".
O chocolate também proporciona uma vital quantidade de vitamina E, poderoso antioxidante, que evita a formação de placas de gordura nas artérias e que combate o colesterol ruim. Estudos mostram também que o chocolate, assim como o vinho tinto, contém polifenóis (poderosos antioxidantes) que impedem o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sangüíneos, e portanto, se consumido com bom senso, seria um aliado na prevenção de doenças cardiovasculares.
A Escola de Saúde Pública de Harvard concluiu que as pessoas que comem chocolate vivem um ou dois anos a mais do que as que não comem. E, segundo o British Medical Journal, o chocolate beneficia o sistema imunológico, reduzindo a probabilidade de tumores.
Dezoito estudos científicos já mostraram que comer chocolate não eleva o nível do colesterol sangüíneo, isto porque a sua gordura denominada ácido esteárico não é tão nociva como as outras, explicam os pesquisadores.

Como no caso do vinho tinto, que ingerido em quantidades moderadas controla o colesterol sangüíneo, no caso do chocolate também é importante não exagerar na dose.
Uma única barra de chocolate de 100 gramas contém 520 calorias, o equivalente ao que é fornecido por um sanduíche ou um bife à milanesa. Como se vê, o chocolate é bastante energético, e se essa energia não for utilizada, será armazenada como gordura e a longo prazo, trará conseqüências sérias para o coração, fazendo com que ocorra exatamente o oposto do que as pesquisas pregoam. Assim sendo, pessoas obesas ou com nível de colesterol alto, não devem comer mais que um tablete pequeno por dia, ou seja, 30 a 50 gramas, advertem as pesquisas.

Porque o público feminino consome mais chocolate que o masculino?
O desejo pelo chocolate nas mulheres é mais acentuado do que nos homens. Isto porque nelas ocorre uma diminuição do neurotransmissor serotonina no cérebro quando a menstruação se aproxima, ficando com isso irritadas. O açúcar do chocolate, então, compensa a falta dessa substância, que promove o bem estar. Após trinta minutos depois da ingestão, já se nota uma mudança no sistema nervoso, levando ao relaxamento. A ansiedade para o consumo de chocolate tende também a aumentar logo depois da ovulação, quando o nível do hormônio progesterona diminui. No entanto, nas mulheres que tomam anticoncepcionais, essas flutuações hormonais não ocorrem, e de acordo com os pesquisadores, essas mulheres consomem menos chocolate.

Porque certas pessoas são sensíveis ao chocolate?
Existem indivíduos mais sensíveis aos estimulantes presentes no chocolate. Nesses, a cafeína poderá causar inquietação, distúrbios do sono e taquicardia. Pesquisas mostram também, que a substância tiramina, presente no chocolate, que possui ação vasodilatadora, é a responsável por enxaquecas.



O que um chocólatra, um drogado, um fumante e um jogador compulsivo tem em comum?
Todas as considerações benéficas feitas até agora, referem-se ao consumo moderado do chocolate, uma vez que já foi comprovado que esse alimento pode viciar exatamente como o álcool, o fumo e as drogas.
Aparentemente, não existe nenhuma ligação entre um chocólatra, um drogado, um fumante e um jogador compulsivo, mas podemos afirmar que todos são viciados. A diferença é que existem certos vícios que são aceitos pela sociedade, como é o caso dos chocólatras, e outros que são condenados: por exemplo os drogados. Segundo cientistas filandeses, os chocólatras sofrem de ansiedade, culpa, frustração e depressão quando vêem seu objeto do desejo: o chocolate. Essas pessoas têm tendência à bulimia.
O vício é uma fragilidade da personalidade de cada pessoa, todos estamos sujeitos a ele. O fator que determina o comportamento humano são as emoções; se a pessoa se manter emocionalmente bem, não cairá no vício. Não existe ninguém que se mantenha equilibrado permanentemente. A fragilidade emocional do homem pode torná-la compulsiva e ansiosa. O humano compulsivo toma uma decisão determinada não tendo controle da situação, mas com consciência daquilo que faz.
Todo vício é controlado quando a pessoa tem consciência de que é viciada, busca um processo de autoconhecimento, trabalhando a sua ansiedade. Só o tratamento medicamentoso não funciona. O tratamento é feito de maneira específica, pois cada indivíduo é único e suas particularidades estão guardadas em sua personalidade e dentro da história de vida de cada um.

Algumas pesquisas atribuem à substância teobromina (presente no cacau) como a responsável pela "atração fatal" exercida pelo chocolate. Outros apontam à feniletamina, como a vilã, ou seja, a mesma substância que o cérebro libera quando a pessoa está apaixonada.
Agora que você já conhece os prós e os contras do chocolate, saboreie-o com moderação. 

Estudantes do Ensino Médio perdem até 40% dos dias letivos, segundo pesquisa

Estudantes do ensino médio perdem entre 17% e 40% dos dias de aulas, sendo que o problema ocorre, na maioria dos casos, por falta de professor. O diagnóstico é de uma pesquisa do Ibope, em parceria com o Instituto Unibanco, que analisou 18 escolas públicas de ensino médio de três regiões metropolitanas do Brasil. Dos 48 dias letivos monitorados, os estudantes chegaram a perder 19.
Aplicada em 2010, a pesquisa visa medir a “audiência” na escola, baseada em um cálculo que leva em conta o tempo de aula efetivamente disponível (chamado de oportunidade de ensinar) e o número de alunos que tiveram acesso a ela (oportunidade de aprender).
Segundo os resultados, divulgados na última semana, as escolas pertencem a três diferentes grupos. No primeiro, que reuniu aquelas com alta oportunidade de ensinar, cerca de 33 horas de aula previstas no calendário escolar deixaram de acontecer. Se considerarmos que a duração média de um dia letivo é de quatro horas, o tempo sem aula equivale a oito dias letivos.
De acordo com os dados, a audiência constatada no Grupo 1 foi de 55%, uma média de 2 horas e 13 minutos por dia; a do Grupo 2 foi de 43%, o equivalente a 1 hora e 44 minutos diários; e o Grupo 3 apresentou apenas 32% de audiência, o que equivale a uma média de 1 hora e 17 minutos de aula por dia letivo.
No grupo 2, considerado com média oportunidade de ensinar, o tempo total perdido durante o monitoramento foi de 51 horas, o equivalente a 13 dias letivos. Já no grupo 3, que inclui as escolas consideradas com baixa oportunidade de ensinar, cada turma perdeu em média 77 horas de aulas previstas, o que representa 19 dias letivos a menos dos 48 monitorados.
Fora da escola
O levantamento também analisou as atividades realizadas pelos alunos fora da escola. Em relação a tarefa de casa, por exemplo, apenas 53% do Grupo 1 – que representa o melhor cenário – executou o que havia sido pedido pelo professor. No Grupo 2 este valor cai para 45% e no Grupo 3 para 39%.
Nos três casos os trabalhos não são feitos nem por metade dos alunos. Apenas 37% dos estudantes do Grupo 3, 44% do Grupo 2, 48% no Grupo 1 afirmaram terem feito os trabalhos da escola. O dado mais grave diz respeito à leitura: somente de 6% (Grupo 2 e 3) a 8% (Grupo 1) dos alunos disseram ter lido algum livro para as aulas.
Fonte: Portal Aprendiz

“Alunos precisam entender a utilidade do que aprendem”, afirma Ladislau Dowbor

“Os alunos estão cansados de estudar coisas que lhes dizem que um dia vão entender a importância. Eles têm que entender e sentir a utilidade já!” Essa seria uma das principais estratégias para aumentar o interesse dos alunos na escola, de acordo o economista Ladislau Dowbor, que é professor da PUC-SP.
Em entrevista, ele abordou a importância da escola trabalhar o seu entorno para melhorar o aprendizado. “Quando se dá instrumentos óticos para a compreensão deste entorno, no qual a criança tem a sua experiência de vida, a assimilação dos conceitos teóricos se torna incomparavelmente mais rica”.
Dowbor participará, nessa sexta-feira (25/11), do lançamento de uma coleção de cadernos sobre a tecnologia social do Bairro Escola, uma publicação da Associação Cidade Escola Aprendiz, em parceira com a editora Moderna.  A entrevista faz parte de um dos livros.
Como seria uma escola menos “lecionadora” e mais articuladora, como o senhor defende?
Ladislau Dowbor — O conteúdo geral do que se ensina está se deslocando. É o velho debate: se a cabeça tem de ser bem cheia ou bem feita. Na realidade está se tornando muito mais importante dar sentido ao que a gente está estudando. O matemático Ubiratan D´Ambrósio menciona uma frase que eu uso também: “Os alunos estão cansados de estudar coisas que lhes dizem que um dia vão entender a importância”. Eles têm que entender e sentir a utilidade já! A criança possui uma curiosidade natural imensa por entender as coisas, veja a forma como eles desmontam um brinquedo, é o que a Madalena Freire chama de “paixão de conhecer o mundo”. Sob esse pano de fundo a gente está começando a repensar de uma maneira muito mais ampla qual é o conteúdo que estamos ensinando.
Eu me lembro de experiências que eu tive na Guiné-Bissau, na África, onde houve uma iniciativa de educação no interior de uma região produtora de arroz onde se dava num dia de aula, por exemplo na segunda-feira, o estudo das estruturas produtivas, no outro dia as estruturas sociais e por aí vai. São povos que vivem do arroz irrigado. Então, ensinava-se química mostrando o que é capilaridade, como é a salinidade da água e todas essas coisas que eles conhecem pela prática. Quando eles adquirem a compreensão teórica dos mecanismos que estão por trás disso, isso apaixona. Não havia nesta experiência o fatiamento em disciplinas e havia, essencialmente, a vontade de dar aos alunos instrumentos da compreensão do próprio mundo deles. O gosto de aprender é 90% da capacidade de aprender, porque é isso que realmente estimula.
Em um artigo publicado na revista Estudos Avançados da USP no ano passado, o senhor exemplifica essa mudança com o que aconteceu em Pintadas, na Bahia. Explique melhor o que eles fizeram de tão inovador.
Ladislau Dowbor — Esse caso está diretamente ligado à mudança da cultura política. Pintadas é uma cidade onde a prefeitura foi assumida por movimentos sociais e eles passaram a buscar respostas para os seus problemas. Grande parte dos municípios do Nordeste localizados na região da Caatinga está envolvida com os programas de cisternas, movido por uma rede de organização da sociedade civil chamada Articulação no Semiárido (ASA). Isso porque na região Nordeste há a chuva, só que ela está concentrada em um período do ano, cai, se infiltra nos lençóis freáticos e desaparece. O que eles fazem? Captam essa água em cisternas (cada cisterna recebe até 16 mil litros), o que permite à família sobreviver durante o período seco com água suficiente, inclusive para jardinagem, cultivo de legumes e coisas do gênero. Isso é uma apropriação de conhecimento pela comunidade. Não são grandes conhecimentos, mas são essenciais em termos de responder às necessidades do lugar.
E a educação nisso? Apesar de Pintadas ficar no semiárido, as crianças nunca tinham tido uma aula sobre o semiárido, suas limitações e potencialidades. Hoje se ensina o semiárido nas escolas de Pintadas. É óbvio que isso envolve uma mudança de atitude na comunidade, e não só na escola, porque é preciso que ela esteja interessada em conhecimentos, que desperte para o fato de poder reconstruir o seu entorno de maneira diferente, porque o desenvolvimento não é uma coisa que chega lá de cima, é uma coisa que se faz. A partir daí, a própria escola passa a demandar conhecimento, não é mais “o que se empurra”, como estudar quem foi dona Carlota Joaquina, decorar o comprimento do Nilo etc. Em termos de economia, já que sou um economista, poderíamos dizer que não é por oferta, mas por demanda que se organiza o conhecimento. Isso já foi visto e apresentado como uma visão reducionista, mas não é.
E como se combate a crítica de que esta seja uma visão reducionista da educação?
Ladislau Dowbor — Demonstrando que a experiência concreta da criança é o seu entorno e quando se dá instrumentos óticos para a compreensão deste entorno, no qual a criança tem a sua experiência de vida, a assimilação dos conceitos teóricos se torna incomparavelmente mais rica. A partir daí, o aluno entenderá melhor outras dimensões mais amplas. Então, não se trata simplesmente de substituir uma educação pela outra, mas de enriquecer. Eu acho que isso nos leva a uma compreensão mais abrangente da educação, no seguinte sentido: eu cada vez menos trabalho com o conceito de educação e cada vez mais com o conceito de gestão do conhecimento.
Por exemplo: Jacob Anderle, que foi secretário de Educação de Santa Catarina, montou naquele estado um projeto chamado “Minha Escola, Meu Lugar”. A escola passou a ser uma articuladora dos conhecimentos necessários à própria comunidade, gerando uma escola menos lecionadora e muito mais articuladora dos diversos subsistemas de conhecimento. Precisamos entender o seguinte: a ciência não está mais como um tipo de estoque acumulado na cabeça do professor. A ciência existe numa rede que você pode fazer com faculdades regionais, em sites na internet, com os mais diversos temas científicos disponíveis a custos irrisórios, ou seja, há uma disponibilidade do conhecimento e você tem de aprender a fazer a apropriação inteligente e o cruzamento desses conhecimentos. Então, está acontecendo uma explosão do universo do conhecimento à disposição e a escola continua a repassar o que está na cabeça da professora, em vez de a professora ensinar seus alunos a fazer a conexão com os diversos universos do conhecimento disponíveis.
Biografia
Nascido na França, Ladislau Dowbor formou-se em Economia Política na Suíça. Fez mestrado e doutorado em Ciências Econômicas e descobriu o Brasil ao se casar com Fátima Freire. Por aqui viveu até o golpe de Estado de 1964. Exilado, trabalhou como consultor na Guiné-Bissau, Nicarágua, Costa Rica, África do Sul e no Equador. Anistiado, regressou ao Brasil.
É como se a escola ainda ignorasse que está em curso uma grande revolução…
Ladislau Dowbor — Exatamente. Há um descolamento, uma disritmia entre o avanço das tecnologias de informação e do conhecimento e o jeito como administramos esse conhecimento no universo escolar. Uma forma interessante de tentar fazer a ponte, o que os americanos chamam de leap frog (dar um salto), eu vi em Piraí, no Rio de Janeiro. Eles pegaram aquelas torres de retransmissão de sinal de celular, fizeram um convênio com as empresas para transmissão de sinal banda larga, internet e rádio. Com isso, criaram uma rede wi-fi urbana, coisa que está sendo feita no mundo todo. Os custos são ridículos, da ordem de dez dólares por domicílio. Por meio de um acordo com a Intel, compraram laptops de 400 reais para as crianças. Eu vi aquele pessoal de escola pública, pessoal de chinelinho de dedo, típico das classes modestas, assistindo a uma aula de geografia e se conectando ao Google Earth…
É outra coisa. A gente tem de pensar que os meninos de hoje vão entrar no mercado de trabalho daqui a dez, quinze anos. A revolução que estamos vivendo hoje é uma revolução da passagem para a sociedade do conhecimento.
O senhor mencionou a necessidade de a escola se tornar articuladora eficiente de parcerias. Quais seriam as principais, as mais estratégicas?
Ladislau Dowbor — Vamos pegar o exemplo de Capela do Socorro, na região sul de São Paulo. Lá há uma ONG, coordenada por Cleodon Silva, que organizou um sistema de informação sobre aquela região, partindo dos dados que existem nas prefeituras e nos diversos subsistemas de informação e enraizando essas informações na base que são os CEPs de correio. Qualquer pessoa conhece o seu CEP. Então a pessoa coloca o número do seu CEP, oito dígitos, e pode procurar quais são as escolas locais, quais os serviços prestados, as migrações, enfim, o conjunto de informações que existem, mas que estão dispersas e não se transformam em conhecimento. Imagine as escolas da região de Capela do Socorro fazendo parcerias com essa ONG.
São sistemas que buscam respostas práticas. Por exemplo, se você olhar quantas creches há naquela região, que é pobre, são poucas, mas ele trabalha com a molecadinha de rua, e eles anotam se veem uma plaquinha numa casa onde está escrito “Aceita-se guarda”. O que é isso? É a rede de creches informais que existe. Isso é importante? É importante para a pessoa local.
Se você vincula essas ONGs, que são especializadas em conhecimento, com organizações comunitárias e com as escolas, você se mobiliza para iniciativas de melhoramento de um bairro, de geração de atividades de renda etc. O click lógico da economia do conhecimento é o seguinte: quando eu produzo essencialmente bens físicos, por exemplo esse meu relógio, se eu passo a você eu deixo de tê-lo. Mas quando a base do valor dos produtos é o conhecimento, se eu passo o meu conhecimento para você, eu continuo com ele. Então o deslocamento que está se fazendo é da visão da competição para a visão da colaboração.
É um deslocamento de paradigma. Isso não é coisa de sonhador, você tem trabalhos em nível mundial acontecendo de maneira colaborativa. A própria Wikipedia é um processo colaborativo gratuito no qual muita gente contribui para fazer coisas úteis. Na economia mesmo, na área empresarial, esse conceito está entrando com muita força.
Eu queria que o senhor falasse de uma instância em especial, que é o Conselho Municipal de Educação.
Ladislau Dowbor — O Conselho Municipal de Educação pode ser um articulador dessa nova visão porque é formado por gente que vem de vários setores, com condições de entender o que aquela comunidade mais precisa, além de poder fazer parcerias com universidades ou centros de pesquisa para transformar esse enriquecimento local em conhecimento. Mas é preciso que os conselhos ultrapassem a visão de serem um tipo de fiscal das contas da prefeitura para se tornarem fomentadores das diversas articulações que um sistema local de conhecimento  precisa.
O MEC está requalificando os Conselhos Municipais de Educação em todo o país, sei que será criado um portal dos conselhos e um software que permita, de um lado, ao ministério poder repassar estudos científicos, documentos e propostas de atualização de sistemas de educação e, de outro, que toda iniciativa inovadora de um conselho possa ser colocada em rede.
Como o senhor vê o Ensino Médio no Brasil?

Ladislau Dowbor —
 Eu acho trágico que o moleque que faz até o fim do secundário chegue aos 18 anos para, pela primeira vez, visitar uma instituição de trabalho. O currículo escolar deveria introduzir desde cedo visitas a um hospital, a uma universidade, às indústrias, a uma empresa agrícola.
Dessa forma, haveria uma melhor compreensão. As pessoas têm muito esse medo da instrumentalização da educação. Nós temos uma herança antiga, de uma visão utilitarista e um pouco comercial.
Na década de 80 se criticava o ensino profissionalizante como se ele fosse um ensino ‘para o pobre’, enquanto o propedêutico era um ensino para a classe média que ia para a universidade. O senhor não compartilha dessa visão?
Ladislau Dowbor — Não. Eu acho que a raiz desse problema não está na educação, mas situa-se em nível estrutural. A desigualdade nesse país é o problema número um. A gente pode ver esse problema, pode evitar que haja uma educação para rico e outra para pobre, mas ainda é o que fazemos hoje.
Ainda pensando naquele jovem que se forma e não encontra emprego, como se concilia uma expectativa mais longa de vida com uma diminuição sistemática de empregos?
Ladislau Dowbor — Para que serve o emprego? Para você ter renda. Só que essa renda, esse papel-moeda, em si não vale nada: você não come ele, você tem de ter os bens, ou seja, você tem de produzir os bens e serviços, isso que é importante. Hoje a gente produz no mundo cerca de seis mil dólares de bens e serviços para cada pessoa do planeta, a cada ano. Se você dividir isso por 12 meses e pegar uma família de quatro pessoas, dá de três a quatro mil reais por mês, ou seja, o que a gente produz hoje no planeta é amplamente suficiente para todo mundo viver com conforto e dignidade. Portanto o problema não está na produção, está em organizar o acesso à renda correspondente.
O trabalhador norte-americano trabalha de maneira desesperada, compra um monte de bagulho, inclusive desperdiça cereais de uma forma fenomenal. Com isso, outra parte do planeta está passando fome. Um caminho para responder sua pergunta é a redução da jornada de trabalho. É óbvio que a humanidade está precisando de cada vez menos volume de trabalho para produzir o que necessita. É a experiência que se fez na França e que funciona, na linha do trabalhar menos para trabalharem todos. Com todos trabalhando, não é preciso ter aqueles fundos de desemprego, o que permite subvencionar as empresas que chiam porque vão pagar o mesmo salário, mas com menos horas de trabalho. Essa subvenção permitiu fazer funcionar o sistema. Nós teremos que evoluir para a gradual redução da jornada de trabalho.
Há um texto do (economista John Maynard) Keynes, escrito em 1933, uma carta para os seus netos imaginários, no qual ele imagina como será o mundo deles; portanto, o nosso. Ele disse o seguinte: se forem inteligentes os meus netos, eles trabalharão três dias por semana porque, com as tecnologias que surgirão, será amplamente suficiente para satisfazer o básico para cada um de nós. E note que ele escreveu esse texto quando ainda nem tinha netos! Esse é um eixo de solução. Nós caminhamos para diversos tipos de desemprego estrutural. A pesca artesanal ocupa cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, mas ela vem sendo destruída pela grande pesca oceânica, de navios superequipados.
Então, com isso, estão sendo liquidados milhões de postos de trabalho, que sustentavam diversas economias locais. Então você tem uma substituição de empregos, mas, ao mesmo tempo, há a liquidação das reservas de peixe do planeta. Esse pessoal que praticava a pesca artesanal vai ficar desempregado e não terá renda para comprar esse peixe. Um exemplo disso: o japonês gosta muito de barbatana de tubarão. Em 2006 foram pescados 73 milhões de tubarões. Pesca-se, corta-se a barbatana, joga-se o resto fora. Toda essa destruição dos processos infelizmente tem uma lógica sistêmica, que pode ser assim resumida: se não for eu, será outro. É a lógica que está muito bem exemplificada no documentário A Corporação, que eu recomendo.
Fonte: Portal Aprendiz