segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Até onde se envolver com o estudo dos filhos

Uma dúvida ronda o pensamento de muitos pais: até que ponto é possível participar da vida escolar dos filhos? Quando se trata de alunos de anos iniciais do Ensino Fundamental, entre seis e 11 anos, especialistas alertam para a importância de um envolvimento que estimule a autonomia.

Professora da Faculdade de Educação da UFRGS, Maria Luisa Xavier diz que um erro comum é o familiar resolver uma questão mais difícil do tema de casa se a criança está com dificuldades. Será mais útil dar dicas que o levem à resposta correta, recomenda.

Para Dóris Helena Della Valentina, docente da Faculdade de Psicologia da PUCRS, a presença dos pais é fundamental desde que se mantenha um distanciamento adequado. Em relação aos horários para fazer deveres e trabalhos, a professora de psicologia da educação da UFRGS Darli Collares acredita que a rigidez exagerada pode acabar com a alegria e o desejo de estudar.

Dúvidas frequentes:

 Meu filho tem dúvidas no tema de casa. Devo ajudá-lo? Se o pai tiver condições, deve ajudar, porque oportuniza à criança a possibilidade de conseguir completar a tarefa. Às vezes, no entanto, o familiar faz o dever pelo filho. Fazer não é ajudar. A criança acaba tendo uma discrepância entre o que produz em casa e o que produz em sala de aula. O objetivo do tema é criar uma autonomia, incentivar a tomada de decisões. O pai pode dar uma dica, dizer como entendeu a questão, dar direções. É importante dar um retorno à escola sobre essas dificuldades.


Percebo que o trabalho feito em casa pelo meu filho tem um erro. Devo corrigi-lo ou deixo para o professor? O pai não deve corrigir o erro, e sim conversar com o filho sobre isso. Perguntar por que ele fez daquela forma e não de outra, como chegou àquela conclusão. Não precisa esperar o professor, pois é importante esse diálogo em casa. A orientação é ajudar a criança a perceber qual seria o caminho certo. Não dar a resposta pronta, mas ajudar a construí-la. Quando a dificuldade aparece com frequência, deve-se conversar com a escola.

Meu filho tem dificuldades de relacionamento com colegas. Levo o problema à direção ou deixo ele próprio resolver? Se um problema de relacionamento está afetando a criança de uma forma grave, chegando ao bullying, o pai deve ir até a escola. Mas a medida inicial é sempre ajudá-la a resolver por conta própria. Questioná-la sobre os motivos que podem estar levando a essa situação, dar sugestões de como contorná-la. Ensinar o filho a se relacionar é o papel dos pais.

Devo definir horários rígidos para os estudos em casa? É preciso haver mais flexibilidade. O pai deve ajudar o filho a descobrir os momentos em que ele rende mais. Se exige a produção em determinado horário, ao longo dos anos, ele está inviabilizando a alegria e o desejo de estudar. A criança não lida bem com a pressão e a cobrança exagerada.

Devo matricular meu filho no maior número possível de atividades extras, como esportes e língua estrangeira? É importante que os pais analisem a quantidade de compromissos dos filhos. Muitas crianças estão perdendo seu tempo de lazer, importante para estimular a criatividade, porque os pais determinam uma série de outras atividades. Sai da escola e tem horários para tema de casa, esporte, inglês, dança. Quando o objetivo é dar mais satisfação aos pais do que aos filhos, a tendência é dificultar as escolhas no futuro. Há uma inversão: se exagera nos compromissos, o filho vai querer se livrar deles a longo prazo. 

Fonte: Zero Hora 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tecnologia impõe desafios à escola

 23 de Fevereiro de 2012 - Pagina. 5

Na volta às aulas, muitos alunos vão encontrar tecnologias que facilitam o acesso à informação. O desafio para o educador é que o uso desses instrumentos não só informe, mas perenize o conhecimento. A questão é ter foco.

– Os jovens não sabem usar a tecnologia de maneira produtiva. Às vezes, eles tomam o fato de ter o Google como indício de que o estudo não tem valor, porque qualquer coisa que precise pesquisar está no Google – diz Fábio Mendes, especialista em hábitos de estudo.

Ele sustenta que os alunos têm de diferenciar “acesso à informação” de “posse de conhecimento”. Sem isso, o simples fato de estar conectado pode dar a ilusão de que o conhecimento está sendo adquirido, o que leva à sensação de que não vale a pena estudar e aprender.

Como ser focado
- O aluno deve ler um texto de forma rápida, para ter noção do seu contexto geral.

- Depois, separa as informações mais importantes em colchetes. Tendo os trechos destacados, volta ao início e sublinha palavras-chave, o que estimula o foco.

- Depois, pega uma folha e faz anotações com base nas palavras sublinhadas. Como desfecho, o pai ou o professor conversa com o estudante sobre o que foi lido.

Fonte: professor Fábio Mendes, especialista em hábitos de estudos