Alunos com mais de 60 anos buscam na universidade novos desafios
TODO O brasileiro com 60 anos ou mais é considerado idoso segundo a organização mundial da saúde. Mas em nenhum lugar está instituído que esse é o momento de parar de aprende. Pelo contrário, o estudo e o desenvolvimento cognitivo são fatores importantes de proteção á saúde, protelando e até evitando doenças, e ou voltar a estudar depois dos 60 representa um renascimento.
Adayr Coimbra Filho, 65 anos, é aluno do direito. Assíduo dos bancos espalhados pelos jardins do campus, onde gosta de estudar, participa com tanta freqüência dos eventos extracurriculares que ultrapassou as horas complementares necessárias. Fica um pouco triste ao lembrar que está quase se formando. Agrônomo, concluiu o mestrado na área em 1975, tendo trabalhado durante muitos anos na Emater (Empresa de assistência técnica e Extensão Rural) e lecionando em universidades gauchas.
Em 2005, sua vida começou a mudar drasticamente com a perda do pai e da esposa, com quem esteve durante mais de 40 anos. Os dois filhos seguiram rumos longe de casa e, no ano seguinte, ele se aposentou. ”Eu me vi sozinho. Precisava de uma motivação para sair de casa, parar de olhar para trás e mudar minha rotina, Como sempre li e estudei muito, tinha em mente desde meus 50 anos, que voltaria a estudar. Resolvi então abraçar um novo desafio e cursar Direito”, Conta.
A idéia sempre foi estudar na PUCRS, onde um dos filhos havia se graduado também em direito, mas as inscrições para o vestibular estavam encerradas quando se decidiu. Cursou inicialmente uma das disciplinas no IPA, ingressando como diplomado, e depois pediu transferência. “A primeira coisa que me ajudou a sair da depressão foi ter sido aceito numa faculdade, 36 anos depois da minha formatura. No primeiro dia de aula eu estava muito ansioso, não sabia nem como me vestir. Pensava que todos iam ficar me olhando, achando que eu tinha saído das ‘cavernas’, mas eu fui bem acolhido pelos colegas mais jovens e logo me enturmei”, recorda.
Coimbra, que se empenha bastante nos estudos, conta que sempre teve boa memória, mas que agora está melhor. Sente-se mais ativo e rápido do que há alguns anos. Ele gosta quando os colegas perguntam alguma coisa para ele, pois é nesses momentos que a diferença de idade se desfaz.
A professora Irani Argimon, de Faculdade de Psicologia, observa que esse tipo de interação faz bem tanto para os mais jovens e os professores. “O perfil da turma muda quando há alguém mais velho, no que diz respeito à atenção e à colaboração. Há trocas muito ricas de experiências entre os colegas e professores. Essa convivência com os jovens o torna um deles, aprendo inclusive um vocabulário diferente, que leva para sua família, seus netos, aprimorando a interação”, observa a psicóloga.
Irani afirma ainda que muitas pessoas com mais de 60 anos estão buscando um segundo ou terceiro curso universitário. “Dentro desse novo modelo de idoso, frente a todas as mudanças de saúde, organização das famílias e tecnologias, é possível eles investirem no futuro e planejarem os próximos desafios para os 15 ou 20 anos seguintes”.
Adayr Coimbra Filho ainda não sabe o que fazer depois de se formar. Foi convidado a se ingressar no mestrado, mas também gosta bastante das áreas de História e Filosofia. A única certeza que tem é a de que não vai parar de estudar. ”Comecei a enxergar o mundo de maneira diferente, abrindo janelas que estavam fechadas. Percebi, aos 60 anos, que não sabia nada e tinha de pensar no meu futuro”, conclui.
Fonte: Revista PUCRS - NOVEMBRO/2011
http://issuu.com/pucrs/docs/pucrs_informacao-157/7
http://issuu.com/pucrs/docs/pucrs_informacao-157/7

Olá, tudo bem? Sou a autora dessa reportagem.Poderia publicar o link da notícia completa, por favor? http://issuu.com/pucrs/docs/pucrs_informacao-157/7
ResponderExcluirObrigada!
Postado! Muito boa reportagem, me dei o trabalho de digitar todinha logo após ler a revista, parabéns!
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